segunda-feira, 8 de março de 2010

Ainda os julgamentos do 11 de Setembro

Em Novembro de 2009, a administração americana anunciou que os suspeitos de estarem por detrás dos atentados terroristas do 11 de Setembro seriam julgados num tribunal criminal federal em Nova Iorque. Esta decisão despoletou grandes críticas e forte oposição por parte das autoridades nova-iorquinas, dos republicanos e da maior parte da população, por não quererem ver os alegados terroristas serem julgados em tribunais civis e no interior das grandes cidades americanas. Porém, nas últimas semanas surgiram indícios que a administração está a ceder face às críticas e planeia mudar a localização prevista para os julgamentos.
Porém, esta vaga de protestos contra a decisão do Procurador-Geral Eric Holder parece-me totalmente injustificada. E passo a explicar as minhas razões:
Em primeiro lugar, porque ao julgar os alegados terroristas num tribunal militar o governo americano estaria a promovê-los ao estatuto de combatentes inimigos. Ora, na minha opinião, esta atitude não seria a mais correcta. Deveria reduzir-se o terrorismo a um "simples" acto criminoso e não a um acto de guerra, não atribuindo ainda mais importância e credibilidade a pessoas, organizações e métodos que não o merecem.
Depois, porque não vejo melhor local para realizar estes julgamentos do que na cidade de Nova Iorque, cuja silhueta os terroristas mudaram para sempre. Seria um poderoso gesto simbólico com que os americanos poderiam mostrar ao mundo e aos seus inimigos que a América não foi vergada por tão infame atentado. O medo de ver estes julgamentos terem lugar na baixa de Nova Iorque é uma forma de ceder face ao terrorismo e é precisamente o que pessoas como Bin Laden pretendem.
Também me parece, como já referi anteriormente, que pelo menos alguma parte desta discussão tem sido gerada por motivos políticos, tentando mostrar Obama e os democratas como sendo soft on terror. Contudo, não me parece correcto estar a fazer jogos políticos com esta tema que, mais que qualquer outro, deveria unir os americanos em vez de dividi-los.

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