segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mudanças no mapa eleitoral

Como se sabe, a eleição presidencial americana é, em teoria, um sufrágio indirecto porque os eleitores votam para um colégio eleitoral que decide o vencedor. Cada Estado tem um determinado número de "grandes eleitores", que corresponde à soma do número de senadores e representantes no Congresso. Todos os Estados possuem o mesmo número de senadores, dois, mas os representantes são proporcionais à sua população, seguindo os valores indicados pelos censos que se realizam de 10 em 10 anos. Assim, as mudanças demográficas alteram a quantidade de representantes de que cada Estado e também o seu número de votos eleitorais.
Actualmente, novos censos estão a ser realizados, o que levou mesmo à criação de vários milhares de postos de trabalho temporários, e os resultados que deverão sair em 2011, terão efeitos já para as presidenciais de 2012. Entretanto, já existem alguns dados que permitem fazer algumas projecções, como a que é apresentada pelo 270towin.com. Na imagem de cima, podem ver-se as flutuações no número de votos eleitorais de cada Estado, estando pintados a azul os Estados onde Obama venceu em 2008 e a vermelho aqueles em que foi McCain o vencedor.
Esta previsão parece favorecer o Partido Republicano, pois Estados que são autênticos bastiões democratas, como New York ou o Illinois perdem votos eleitorais, enquanto alguns "red states", como o Texas (e logo com mais 3 votos eleitorais!) vêm o seu peso ser aumentado. Além disso, a confirmar-se esta previsão, será apenas a segunda vez na história que a Califórnia não aumentará o seu número de grandes eleitores.
Porém, é preciso ter também em conta que estas alterações no mapa eleitoral resultam, em primeiro lugar, de mudanças demográficas, sejam elas de fluxos populacionais internos ou da imigração. E estes movimentos têm também influência nos presumíveis resultados eleitorais nos Estados receptores. Por exemplo, a grande imigração latina, uma comunidade que tende a favorecer os democratas, para os estados fronteiriços tem transformado Estados como o New Mexico, o Colorado, o Nevada e o Arizona, anteriormente dominados pelos republicanos, em autênticos swing-states. Inclusivamente, muitos analistas têm indicado o Texas, actualmente terreno mais que seguro para o GOP, como um Estado onde o Partido Democrata pode, no futuro, conseguir realizar incursões com sucesso.
De qualquer forma, as mudanças no mapa eleitoral não são tão relevantes quanto isso. Com este mapa eleitoral, o resultado no colégio eleitoral da eleição de 2008, entre Obama e McCain, seria ligeiramente menos favorável ao actual presidente, que mudaria a sua votação de 365 votos eleitorais contra 173 para 359-179. A diferença é pouca e apenas seria decisiva no caso de uma eleição extremamente renhida.

3 comentários:

  1. Joao,

    Parece-me que a tua explicacao, apesar de tocar em pontos validos nao fala da razao fundamental para este cambio populacional: os Estados que ganharam votos eleitorais sao estados tradicionalmente republicanos vs. os estados que perderam votos - todos eles me parecem bastioes democratas.

    Nao e de admirar que as populacoes, a longo prazo, tendam a preferir estados amigos da criacao de riqueza, com maiores liberdades civis e sem o peso da maquina fiscal estatal a tirar dinheiro dos seus bolsos.

    Joao Fernandes

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  2. Claro que a questão económica é muito importante. Basta ver que estados como o Michigan (este em particular), o Ohio ou a Pennsylvania, que perdem votos eleitorais, estão entre os estados mais afectados pela crise económica e onde os números do desemprego são mais altos.

    Porém, parece-me que a imigração tem um peso maior do que a economia. Estados como o Texas, o Arizona ou o Nevada ganham população devido à imigração latina. Este último é importante para a minha argumentação porque, apesar de ser dos estados mais atingidos pela crise, tem um ganho populacional considerável graças à imigração.

    Já, por exemplo, a Florida, é, por tradição, um estado para onde os americanos se mudam depois de passarem à reforma para passarem os seus últimos anos num estado solarengo e confortável. Outro caso especial é o Louisiana, o único red state a perder peso no colégio eleitoral, fruto, ainda, da partida de muitos residentes após o furacão Katrina.

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  3. Joao,

    Concordando que a imigracao e um factor importante nestas estatisticas, nao me parece de todo o aspecto mais preponderante.

    Como explicar entao que a California tenha uma perda populacional liquida a rondar os 500.000 jos ultimos 6 anos? E isto e so um exemplo.

    Ha tembem que analisar as correntes migratorias entre Estados. Deixo um artigo para reflexao: http://www.theblogofrecord.com/tag/states-losing-population/.

    Joao Fernandes

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