domingo, 19 de dezembro de 2010

DADT e DREAM Act KO

O Senado norte-americano, mesmo que em período lame duck, continua muito activo. Ontem, um Sábado, a câmara alta do Congresso votou duas importantes propostas, tendo cada uma recebido um destino diferente: foi aprovada a revogação da política "Don't Ask, Don't Tell" (DADT) e chumbada a reforma da imigração, conhecida como DREAM Act.
A passagem do DADT, a legislação com 17 anos de idade que proibia o acesso dos gays e lésbicas assumidos como tal às Forças Armadas americanas, representou uma surpreendente vitória para Barack Obama e o Partido Democrata, que contaram com o voto favorável de oito  senadores republicanos (um número inesperadamente elevado). Termina, assim, apesar desta revogação ir ainda demorar alguns meses a entrar em vigor, a discriminação dos homossexuais no acesso ao meio militar nos Estados Unidos, com as organizações de defesa dos direitos dos homossexuais a comemorarem um dia histórico para o seu movimento.
Menos sorte tiveram os activistas pela reforma da imigração, já que, também no Senado, o DREAM Act foi rejeitado. Esta proposta, que criaria um caminho rumo à cidadania americana para os imigrantes ilegais que tivessem sido levados para os EUA ainda crianças e que estivessem dispostos a ir para uma universidade americana ou a servir nas Forças Armadas, foi chumbada pela câmara alta, depois de ter passado na Câmara dos Representantes. A liderança democrata ainda conseguiu atrair três votos do GOP, mas o voto contra de cinco senadores democratas (Blue Dogs) impediu a aprovação do DREAM Act.
Estas duas votações serão, na minha opinião, importantes mais-valias políticas para o Partido Democrata num futuro próximo, já que estimularão e atrairão o voto de dois grupos do eleitorado muito relevantes, como são os homossexuais e os hispânicos. Em particular no caso dos eleitores latinos, o GOP continua a escolher um caminho muito sinuoso, já que alienação deste grupo eleitoral em franco crescimento pode ditar a derrota republicana em muitas eleições, com as presidenciais a serem uma delas.
Apesar de a actual sessão do Congresso estar prestes a terminar, com os novos elencos das duas câmaras a assumirem funções já no próximo mês, a liderança democrata tem sido capaz de criar condições para discutir e votar muitas e importantes medidas. Após as votações destas duas propostas, a próxima grande prioridade democrata será o New Start, já que, com o novo Congresso, as suas hipóteses de conseguirem aprovar o tratado nuclear com a Rússia diminuirão bastante. Assim sendo, os próximos dias terão de ser seguidos com muita atenção.

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