quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A vitória de Rhambo

Chicago tem um novo Mayor e o seu nome é Rahm Emanuel. Ontem, nas eleições para a liderança da terceira maior cidade dos Estados Unidos, o antigo Chief of Staff de Barack Obama obteve uma grande vitória, reunindo 55% dos votos e evitando dessa forma uma segunda volta. Com o triunfo no bolso, Emanuel já sabe o que o espera quando assumir funções como Mayor da windy city. Com um grande défice, altas taxas de abandono escolar, uma cidade segregada racialmente e a perder população rapidamente, o antigo congressista, que um dia sonhou ser o primeiro judeu a chegar a Speaker of the House, terá, certamente, uma árdua tarefa pela frente.
Com esta vitória, Rahm Emanuel cumpre o seu sonho de governar Chicago, a sua hometown. Para o conseguir teve, contudo, de travar uma dura batalha legal, já que a sua elegibilidade para o cargo de Mayor foi posta em causa por Emanuel há muito estar de facto sediado em Washington DC, onde trabalhou nas administrações Clinton e Obama. Curiosamente, terá sido, porventura, esse imbróglio nos tribunais, que só acabou com o Supremo Tribunal do Illinois a decidir unanimemente a seu favor, a valer-lhe este triunfo à primeira volta. Isto porque a sua postura durante uma longa maratona de audiências legais, com uma delas a durar quase 12 horas consecutivas, onde mostrou disponibilidade e paciência (Rahm é conhecido pelo seu feitio complicado) para responder a todas as perguntas que lhe foram colocadas, mostrou aos cidadãos de Chicago que Rahm desejava realmente servi-los. 
Na verdade, não é de todo habitual que uma figura nacional como Rahm Emanuel, que ainda há poucos meses era a segunda pessoa mais poderosa em Washington, esteja disponível para regressar a casa e sujeitar-se às pequenas (mas fulcrais) questões de uma autarquia local. Porém, isso não quer dizer que a carreira política de Rhambo (como também é conhecido) tenha dado um passo atrás. Este será mais uma importante alínea no currículo de um político que já fez um pouco de tudo, desde ajudar Bill Clinton a ser eleito, até servir como Chief of Staff da Casa Branca, passando pelo Congresso, pela liderança do Democratic Congressional Campaign Committee (responsável pelas campanhas ao Congresso) e pela banca. Dependendo de como correr a sua passagem pela City Hall de Chicago, Rahm Emanuel poderá aspirar a mais altos voos, seja a um posto de Governador ou Senador, ou, quem sabe, à presidência.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Palin em maus lençóis

Sarah Palin continua a atravessar um momento francamente prejudicial para as suas aspirações políticas. Numa altura em que as sondagens continuam a indicar que é vista de forma negativa pela maioria dos norte-americanos, surgiu agora uma revelação de um e-mail que terá enviado a um seu antigo colaborador quando era ainda Governadora do Alasca, onde desabafava que odiava o seu trabalho. A expressão "I hate this damn job" dará, certamente, pano para mangas e será mais uma dificuldade que Palin terá de ultrapassar se quiser ser vista como capaz para assumir a presidência dos Estados Unidos.
Sempre afirmei que a antiga Governadora do Alasca seria a oponente de sonho para Barack Obama em 2012, tendo em conta a sua impopularidade junto dos eleitores independentes. Contudo, neste momento, parece-me muito improvável que Palin consiga sequer colocar-se como uma concorrente viável na luta pela nomeação republicana. Se vier a entrar na corrida, acredito que será mais uma jogada de marketing do que propriamente uma verdadeira tentativa de chegar à Casa Branca. Só que em política nada é definitivo e, como se diz por cá do futebol, o que hoje é verdade, amanhã é mentira. Por isso, o melhor é mesmo esperar para ver.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

2012: Iowa caucus

Será neste pequeno Estado do Midwest americano que, a 6 de Fevereiro de 2012, será dado o pontapé de saída no longo processo de escolha dos candidatos de cada partido às eleições presidenciais desse ano. O Iowa utiliza o sistema de caucus, com bastantes diferenças entre o que modelo adoptado pelos democratas e pelos republicanos. Enquanto que nos caucuses democratas o método de voto é algo arcaico, com os eleitores a discutirem as suas preferências e intenções de voto e a tomarem posição ao juntarem-se por grupos de apoio a cada candidato, no caso republicano o mais comum é haver uma votação por voto secreto, embora em alguns distritos se utilize o voto por braço no ar. De qualquer forma, como as primárias democratas serão apenas uma formalidade para nomear Barack Obama, o principal interesse recai na disputa do lado do GOP.
Os eleitores republicanos do Iowa são tendencialmente conservadores e isso deverá ditar que será um candidato saído da ala direita do GOP a vencer estes caucuses, em especial numa época em que os movimentos conservadores, como o Tea Party, se revestem de uma crescente influência. Em 2008, Mike Huckabee foi o vencedor no Iowa e se o antigo Governador do Arkansas voltar a concorrer à presidência, é bem possível que volte a ganhar no Hawkeye State, dada a sua popularidade no Estado. Contudo, é tudo menos líquido que Huck entre na corrida em 2012, o que abrirá ainda mais o campo de possibilidades no Iowa.
Assim, espera-se que haja uma enorme luta pelos representantes do movimento conservador, já que o Iowa é decisivo para que possam permanecer na corrida, mesmo após eventuais maus resultados no New Hampshire (no granite state Mitt Romney parece quase imbatível), onde o eleitorado republicano é substancialmente mais moderado. Figuras como New Gingrich, Michele Bachmann ou mesmo Sarah Palin terão de conseguir excelentes resultados nestes caucuses se desejarem sonhar com a nomeação republicana. Por outro lado, é possível que nomes como Romney (que, em 2008, mesmo após gastar uma verdadeira fortuna no Iowa não foi além de um desapontante segundo lugar), Mitch Daniels ou John Huntsman poderão optar por não apostar a 100% aqui, guardando os seus esforços para outros locais onde poderão conseguir melhores performances.

Falta, então, menos de um ano para que comece, no Iowa, a fantástica corrida que será a disputa pela Presidência dos Estados Unidos. Nessa ocasião, nada deverá ficar decidido, mas é certo que no Hawkey State será feita a primeira grande triagem entre os candidatos a derrotarem Barack Obama, em Novembro de 2012. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Early states"

O sistema de primárias, processo pelo qual os dois grandes partidos americanos escolhem, de quatro em quatro anos, os seus candidatos presidenciais é um dos aspectos mais interessantes do sistema político dos Estados Unidos. E uma das singulares características das primárias é a importância concedida aos chamados early states. Segundo a tradição, o Iowa e o New Hampshire têm a honra de serem os primeiros a dizerem de sua justiça relativamente aos candidatos presidenciais.

Apesar de os habitantes do Iowa e do New Hampshire  levarem muito a sério a sua responsabilidade, os críticos apontam o poder excessivo que estes dois pequenos Estados detêm na escolha dos presidentes americanos e o facto de serem dois Estados predominantemente brancos, com pouca presença de minorias étnicas. Assim, dois outros Estados passaram a votar antes da Super Tuesday (o dia onde muitos Estados vão a votos): a Carolina do Sul, com uma grande comunidade afro-americana, e o Nevada, que conta com um grande número de hispânicos.

Qualquer um destes Estados é consideravelmente pequeno e atribui muito menos delegados nas primárias do que gigantes como a Califórnia, Nova Iorque ou Texas. Contudo, os candidatos que obtêm bons resultados nas primeiras primárias ganham um importante ímpeto, assegurado pela cobertura mediática positiva, o que lhes permite angariar mais dinheiro e apoios para o resto da campanha. O exemplo recente mais paradigmático é o de Barack Obama, que, após a sua vitória no Iowa, mudou a história da luta pela nomeação democrata de 2008, que, à partida, parecia destinada para Hillary Clinton.

Também em 2008, Rudy Giuliani tentou desafiar a tradição e negligenciar os primeiros Estados em detrimento das primárias que proporcionavam um maior número de delegados, como a Florida. Porém, essa estratégia falhou redondamente e Giuliani, que durante 2007 era considerado o principal favorito a conquistar a nomeação do GOP, foi votado à irrelevância depois dos péssimos resultados nos primeiros Estados.

Desta forma, as movimentações (visitas, contratação de staff, etc.) dos principais nomes nestes decisivos Estados podem ser um bom indicador das suas intenções relativamente à entrada ou não na corrida presidencial. Todavia, como se tratam de Estados bastante diferentes um dos outros, as estratégias dos candidatos divergirão bastante, tendo em conta as suas próprias características políticas e eleitorais. Assim sendo, abordarei brevemente aquilo que podemos esperar das campanhas dos presumíveis concorrentes republicanos em cada um dos early states. Campanhas essas que deverão começar a qualquer momento.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Do hospital para o Senado?

Gabrielle Giffords, a congressista democrata que foi atingida com uma bala na cabeça, quando um louco atacou um seu evento público, matando seis pessoas e ferindo várias outras, está a ter uma positiva mas demorada recuperação, conseguindo já colocar-se de pé e mesmo pronunciar algumas (curtas) frases. Mas enquanto a Representante do Arizona continua a sua reabilitação física e psicológica depois do trágico incidente, muitos pensam já no seu futuro político.
Antes do ataque, Gabrielle Giffords estaria, segundo o seu staff, a avaliar uma possível candidatura ao Senado em 2012, disputando o lugar que é actualmente do republicano Jon Kyl. Ora, Kyl anunciou a semana passada que não irá tentar a reeleição, o que despoletou imediatamente um grande interesse relativamente à disputa do seu assento na câmara alta do Congresso nas próximas eleições. Com os democratas a sofrerem de um problema de falta de soluções no Arizona, Giffords é a grande esperança do seu partido para roubar esse lugar aos republicanos. 
De facto, a jovem congressista (tem 40 anos de idade) daria uma formidável concorrente em 2012. Além do estatuto de heroína que arrecadou depois do atentado de que foi vítima, Giffords é uma democrata centrista, que representa um distrito que é uma boa imagem do Arizona no geral e que pode apelar a um vasto grupo do eleitorado. Ainda por cima, é casada com um astronauta e antigo militar (o seu marido pilotou caças na Guerra do Golfo), o que pode apelar aos militares veteranos - um conjunto de eleitores tradicionalmente fiel ao Partido Republicano. 
Contudo, não se sabe se Gaby, como é conhecida no Congresso, estará em condições físicas e mentais de aguentar uma dura campanha, sob o calor tórrido do Arizona, que terá de começar daqui a poucos meses. Talvez fosse mais seguro para Giffords aguardar por 2014, onde se poderia candidatar a Governadora, ou por 2016, quando John McCain se deverá reformar, mas na política o timing é determinante e talvez não haja outra oportunidade como esta para a congressista. Será, sem dúvida, uma decisão difícil e que provavelmente não chegará em breve. Mas, dadas as circunstâncias, o Partido Democrata e os cidadãos do Arizona saberão esperar por Gabrielle Giffords. Afinal, ela já mereceu esse privilégio.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

2012: O campo republicano (Parte III)

Continuando a "viagem" pelo campo de possíveis candidatos presidenciais republicanos em 2012, e depois das "estrelas" e dos representantes do establishment republicano, hoje é a vez dos políticos mais próximos dos Tea Party e que deverão carregar o estandarte das facções republicanas mais conservadoras na disputa pela nomeação do GOP (além de Sarah Palin e Micke Huckabee, que já foram referidos no primeiro post).
Ron Paul - O pai do mais recente Senador do Kentucky, Rand Paul, é também um dos principais mentores do movimento Tea Party. Com as suas posições libertárias tem atraído um grupo de apoiantes, jovens e entusiastas, organizados principalmente pela Internet. Durante a campanha presidencial de 2008 foi uma espécie de patinho feio, já que era o único dos candidatos republicanos a defender a retirada do Iraque. Apesar dos seus 75 de idade, volta agora a ser falado como um possível participante na corrida de 2012. Porém, como disse ontem Donald Trump, Paul é inelegível. 
Michele Bachmann - A congressista do Minnesota tem sido uma das vozes mais críticas da administração Obama. As suas incursões pelo Iowa, onde se realiza o primeiro momento das primárias, levantaram rumores de que poderia estar a preparar uma candidatura à Casa Branca. Recentemente, foi notícia por ter sido a responsável pela resposta oficial dos Tea Party ao discurso do State of the Union de Barack Obama. Não será, de forma nenhuma, a nomeada do GOP.
Rick Santorum - Antigo congressista e senador pela Pennsylvania, Santorum ficou marcado politicamente pela sua estrondosa derrota (ficou a 18% do seu adversário democrata) em 2006, quando procurava um terceiro mandato no Senado. Extremamente conservador, tanto a nível social como económico, tem-se posicionado de forma a poder concorrer em 2012. A sua recente polémica com Sarah Palin parece indicar isso mesmo.
Jim DeMint - Eleito para o Senado em 2004 pelo Estado da Carolina do Sul, DeMint é um dos membros mais conservadores da câmara alta, fazendo dele um dos senadores preferidos dos Tea Party. Em 2010, foi, a par de Sarah Palin, o principal kingmaker nas primárias republicanas, tendo apoiado frequentemente os candidatos mais conservadores em detrimento dos moderados, em alguns casos com resultados negativos (como no Nevada e no Delaware). Dificilmente será candidato à Casa Branca, mas já afirmou que daria um bom commander-in-chief e se vir o seu espaço político fracamente representado poderá avançar ele próprio.
Herman Cain - O mais insólito dos integrantes deste grupo é também o único que já anunciou formalmente a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos. Multifacetado, é mais conhecido por ter sido CEO de uma cadeia de pizzarias. Apesar de ter marcado inúmeras presenças como orador em eventos dos Tea Party, Cain nunca exerceu nenhum cargo político, tendo sido derrotado nas primárias republicanas quando tentou ser eleito para o Senado pelo seu Estado da Geórgia. Não passará de um mero also-run.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

2012: O campo republicano (Parte II)

Dado que o leque de possíveis candidatos a conseguirem a nomeação republicana para as eleições presidenciais de 2012 é, de facto, muito vasto, optei por dividir os políticos em diferentes grupos, com cada grupo a merecer o post respectivo. Ontem, abordei os quatro políticos mais conhecidos e mediáticos que estão a "flirtar" com a ideia de uma possível candidatura à Casa Branca. Hoje, é a vez dos candidatos do establishment republicano: bem integrados no sistema partidário, com experiência relevante e que terão de disputar o espaço mais moderado no interior do GOP.
Tim Pawlenty - O até à pouco mais de um mês Governador do Minnesota é um candidato mais que anunciado à corrida à Casa Branca, em 2012.  Marcou presença na shortlist para a vice-presidência do ticket de John McCain, tendo sido preterido a favor de Sarah Palin. Tem feito inúmeras visitas aos primeiros Estados a irem a votos nas primárias, mas continua com problemas em afirmar-se como uma figura nacional. Muito dificilmente será o nomeado republicano.
Jon Huntsman - O antigo Governador do Utah tem uma história curiosa. Depois de chegar à Casa Branca, Obama nomeou-o Embaixador para a China, porventura o posto diplomático mais importante da actualidade. Consta que essa foi uma medida preventiva do staff presidencial, que temia uma candidatura de Huntsman em 2012. Contudo, Jon Huntsman demitiu-se este mês do seu cargo em Pequim e o seu regresso ao EUA tem levado a que se fale numa corrida à Casa Branca. A sua experiência executiva e em relações externas fazem dele um candidato presidencial formidável. Todavia, ter servido na administração Obama e o facto de ser pouco conhecido do grande público podem prejudicá-lo nas primárias republicanas.
Haley Barbour - Barbour é o protótipo do candidato do establishment. Governador do Mississippi, antigo chairman do Republican National Committee e actual líder da Associação de Governadores Republicanos, goza de uma grande popularidade no interior da estrutura partidária do GOP. Surgiram mesmo rumores que indicavam a vontade de alguns governadores republicanos juntarem forças para garantirem que Haley Barbour obtinha a nomeação. A sua capacidade de angariar dinheiro fazem dele um nome a ter em conta, mas é duvidoso que conseguisse atrair muitos votos fora do Sul dos EUA.
Mitch Daniels - Actualmente à frente dos destinos do Estado do Indiana, Daniels é uma das maiores esperanças dos republicanos moderados e que vêm nele o perfil de um candidato presidencial que poderá derrotar Obama: com experiência executiva (como Governador), orçamental (foi director do Office of  Management and Budget) e de segurança (esteve no National Security Council). Porém, a sua atitude moderada relativamente aos assuntos sociais (chegou a sugerir uma trégua bipartidária em relação a estes temas) pode prejudicá-lo numas primárias republicanas presumivelmente discutidas à Direita.
John Thune - É o único deste grupo sem experiência no ramo executivo, já que fez a sua carreira política principalmente no Congresso, primeiro como congressista e depois como Senador. Foi, aliás, a sua vitória nas eleições para o Senado, onde derrotou o na altura líder da maioria democrata, Tom Daschle, na corrida por um dos assentos do Dakota do Sul, que o lançou para as primeiras páginas dos jornais. Apesar de ter recentemente afirmado que estava a considerar uma candidatura, os factos parecem indicar o contrário, visto que ainda não realizou nenhum dos early states nem está a angariar o dinheiro que seria necessário para entrar na corrida.

Há quatro anos atrás...

Parece que já foi há uma eternidade, mas há quatro anos atrás, no dia 10 de Fevereiro de 2007, o então Senador pelo Illinois há apenas dois anos, Barack Obama, anunciou a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos. O seu discurso, sob um frio gélido e diante da State House do Illinois, em Springfield, marcou o início de uma extraordinária jornada, que duraria quase dois anos e que culminaria com a chegada de Obama à Casa Branca.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

2012: O campo republicano (Parte I)

Dou hoje início a um conjunto de textos referentes à campanha presidencial de 2012, cujo início se aproxima a passos largos. Como Barack Obama é o mais que certo candidato do Partido Democrata (mesmo que seja possível que surja alguém a desafiá-lo pela sua Esquerda,  Obama será sempre o nomeado democrata), o destaque da primeira fase das eleições presidenciais do próximo ano vai para a disputa pela nomeação do GOP. Actualmente, ainda reina a indefinição, com um enorme número de candidatos a candidatos a darem azo a um sem número de especulações. Importa, por isso, fazer uma breve revisão dos nomes que têm sido mais falados. 
Mitt Romney - Como disse ontem, o antigo Governador do liberal Estado do Massachusetts é, por agora, o principal favorito a obter a nomeação republicana. Romney ganhou notoriedade com a campanha de 2008, onde foi o principal opositor de John McCain, tem fama de perito económico (o que, na conjectura actual, é uma grande mais-valia), é bem parecido, possui uma enorme fortuna pessoal que poderá utilizar na sua campanha e as sondagens mostram que é um dos republicanos mais perigosos para Obama. Contudo, a reforma do sistema de saúde do Massachusetts que aprovou enquanto Governador coloca-o em cheque com  a ala mais conservadora do GOP. 
Sarah Palin - A grande incógnita entre o leque de possíveis candidatos à nomeação republicana. Se concorrer, provocará um autêntico tsunami político e definirá a corrida. Tem enviado sinais contraditórios em relação a uma eventual candidatura, mas é bem possível que ainda não tenha tomado a sua decisão. De qualquer forma, o seu estatuto de super estrela concede-lhe o privilégio de poder entrar na corrida bem mais tarde do que os seus opositores. Seria a nomeada de sonho para Obama e os democratas.
Newt Gingrich - De quatro em quatro anos, o famoso Speaker da Câmara dos Representantes que, durante os anos Clinton, foi o grande adversário da administração democrata, namora a ideia de concorrer à presidência. Até agora, nunca foi em frente, mas desta vez Gingrich parece estar mais apostado em tentar a sua sorte. É bem visto pelos Tea Party e ao mesmo tempo é considerado como o representante da facção intelectual do GOP. Contra si tem o facto de sofrer de uma imagem algo degastada junto do público americano, de ser uma figura do passado e de nunca ter sido posto à prova em eleições que não as do seu distrito na Geórgia.
Mike Huckabee - O ex-Governador do Arkansas protagonizou uma excelente campanha em 2008, de que ainda hoje está a retirar dividendos. As sondagens têm indicado que Huckabee é dos melhores (senão o melhor) colocados para alcançar a nomeação e os seus índices de popularidades são bastante positivos. Porém, tem angariado pouco dinheiro nos últimos tempos e isso pode ser um sinal de que não irá entrar na corrida. Por outro lado, pode estar a aguardar para ver o que faz Palin, já que os dois atraem o mesmo grupo do eleitorado e se ambos concorrerem podem anular-se mutuamente.
Estes são os quatro candidatos mais referenciados na comunicação social e com melhores resultados nas sondagens. Contudo, isso não quer dizer que o nomeado saia deste grupo de políticos. Curiosamente, todos eles, com a excepção de Romney, são colaboradores da Fox News, e, como tal, estão impedidos de conceder entrevistas a outros órgãos de informação, o que dificulta a clarificação das suas intenções.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

2012 tarda a arrancar

O primeiro momento das eleições primárias para a Presidência dos Estados Unidos está já a menos de um ano de distância, com os caucuses do Iowa agendados para 6 de Fevereiro de 2012. Nesse dia, arrancará o processo que culminará com a escolha do republicano que desafiará Barack Obama na eleição geral de Novembro seguinte. 
Por esta altura, seria de esperar que o campo de candidatos republicanos estivesse mais definido, mas apenas Herman Cain, um favorito dos Tea Party, lançou oficialmente a sua candidatura. Contudo, é de esperar que outros anúncios surjam a qualquer momento, estando apenas em suspenso, devido ao atribulado e congestionado ciclo informativo dos últimos tempos, com a tragédia no Arizona e a situação no Egipto, que "sugam" toda a atenção mediática e desaconselham grandes movimentações políticas. Em especial, potenciais candidatos menos conhecidos a nível nacional, como Tim Pawlenty, Haley Barbour ou John Thune não podem esperar muito para lançar as suas candidaturas, pois necessitam de tempo para se darem a conhecer e - mais importante ainda - para angariarem o (muito) dinheiro necessário para montar uma campanha da dimensão necessária para almejarem a nomeação pelo Partido Republicano.
Quem não sofre desse tipo de problema é Sarah Palin, que tem um nível de reconhecimento a rondar os 100% e uma grande capacidade para angariar grandes quantidades financeiras num curto espaço de tempo. Porém, a ideia de uma candidatura de Palin à presidência em 2012 começa a perder consistência, em especial depois da sua popularidade ter sofrido um rude golpe no fallout do ataque de Tucson. Em todas as sondagens que têm surgido ultimamente, a antiga Governadora do Alasca é, de todos os possíveis candidatos do GOP, aquela que piores resultados apresenta no frente-a-frente com Obama. Ao que tudo indica, a nomeação de Sarah Palin pelos republicanos colocaria automaticamente quase todos os Estados americanos em disputa e resultaria numa vitória esmagadora do actual Presidente.
Mas, por agora, Mitt Romney é o mais próximo que o Partido Republicano tem de um frontrunner, com a vantagem de ser uma figura bem conhecida do público americano, com uma imagem "presidencial", enormes recursos financeiros e a fama de gestor de sucesso. Depois de 2008, é certo que Romney vai novamente tentar a sua sorte em 2012. Outro candidato assegurado é Tim Pawlenty, da mesma forma que Newt Gingrich parece também bastante inclinado a tentar a sua sorte. Já Mike Huckabee, a grande surpresa de 2008, é ainda uma incógnita. Mas se decidir candidatar-se à Casa Branca, , o antigo Governador do Arkansas estaria muito bem posicionado para obter a nomeação do GOP, pelo menos a fazer crer pelas sondagens, que lhe são muito favoráveis. Em segundo plano estão outros potenciais candidatos, como os já citados Haley Barbour e John Thune, mas também Mitch Daniels, Rick Santorum, John Huntsman, Ron Paul, Jim de Mint ou Michele Bachmann. 
Estes e outros nomes fazem parte do vasto campo de candidatos republicanos para as primárias do início do próximo do ano. Para já, reina ainda a indefinição, mas espera-se que o pontapé de saída da campanha seja dado a qualquer momento. A partir de agora, o Máquina Política passará a dar especial atenção à corrida pela Casa Branca, com posts especiais sobre o tema a "saírem" regularmente. Estejam atentos.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Reagan centenário

Ronald Reagan, o 40º Presidente dos Estados Unidos, faria ontem cem anos, caso ainda estivesse vivo. Para celebrar a efeméride realizou-se uma grandiosa cerimónia na Califórnia, o home-state de Reagan, que contou com a presença da sua esposa, Nancy Reagan e de outras figuras marcantes dos anos do "Grande Comunicador" na Casa Branca, como James Baker, o seu primeiro Chief-of-Staff.
Durante a sua vida, Ronald Reagan realizou um percurso notável. A primeira notoriedade chegou através da sua carreira como actor em Hollywood. Contudo, a sua escalada política só teria início em 1964, quando proferiu o famoso discurso A time for choosing, em apoio ao candidato presidencial republicano, Barry Goldwater, que lhe valeu o estatuto de estrela no seio do GOP. Três anos depois, era eleito Governador da Califórnia, tendo cumprido dois mandatos completos. Finalmente, em 1980, e depois de duas tentativas falhadas, Reagan é eleito Presidente dos Estados Unidos, destronando o impopular democrata Jimmy Carter e conseguindo, quatro anos depois, a reeleição num landslide de proporções épicas. Reagan faleceu em 2004, com 93 anos,  tendo sofrido de Alzheimer durante os seus últimos anos de vida.
Hoje em dia, Ronald Reagan é um dos maiores símbolos do movimento conservador americano e tem presença garantida nos discursos de todo e qualquer político oriundo da Direita. Entre os muitos feitos que alcançou durante a sua presidência contam-se a recuperação da imagem do Partido Republicano (muito danificada após Nixon e o Watergate), a sua política de comunicação (fazia os cidadãos americanos sentirem-se próximos do seu Presidente), a vitória na Guerra Fria (o "Tear down this wall" é um clássico) e a sua capacidade de governar efectivamente, mesmo tendo que lidar com um Congresso dominado pelos democratas. Afinal de contas, foi Ronald Reagan que fez amanhecer na América.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cartoon: O delicado caso egípcio

Por isto e por muito mais, a situação no Egipto tem de ser tratada com pinças pela Administração Obama, naquele que é, muito provavelmente, o maior teste em matéria de política externa que o 44º Presidente dos Estados Unidos enfrenta desde que chegou à Casa Branca.

A história visual dos dois grandes partidos americanos

Aqui está um achado cuja consulta aconselho vivamente: a história visual do Partido Democrata e do GOP, em infografias cativantes e recheadas de informação. Com a devida vénia ao Political Wire, onde descobri esta pérola.

Revogação da healthcare reform chumba no Senado

Depois da proposta de revogação da reforma do sistema de saúde norte-americano ter passado na Câmara dos Representantes, esperava-se o voto do Senado sobre a mesma matéria. Esse momento chegou ontem, com a maioria democrata na câmara alta a rejeitar, como era esperado, a anulação da maior vitória do seu partido nos últimos anos. A votação seguiu rigidamente as fileiras partidárias, com todos os senadores democratas a votarem nay e a totalidade da bancada republicana a votar favoravelmente.

Apesar de esta tentativa de revogação da reforma da saúde estar condenada à partida, a verdade é que a votação de ontem obrigou alguns senadores democratas rookies (que ainda não estavam no Senado aquando da aprovação da reforma) a ficarem com um voto favorável a esta impopular Lei no seu registo. E isso será, seguramente, aproveitado pelos republicanos em futuros ciclos eleitorais. De qualquer forma, a healthcare reform está, pelo menos para já, de boa saúde.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Convenção Nacional Democrata de 2012 será em Charlotte

Segundo a CNN, o Partido Democrata terá seleccionado a cidade de Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, para albergar a sua convenção nacional de 2012, que servirá para anunciar oficialmente Barack Obama como o candidato presidencial democrata para as eleições desse ano. À imagem do que aconteceu em 2008, quando a escolha recaiu na cidade de Denver, no Colorado, os democratas voltam a optar por um swing state para albergar a sua convenção, numa operação de charme com a intenção de melhorar as hipóteses de Obama num Estado onde venceu frente a McCain, mas por apenas 0,4% dos votos.