sexta-feira, 27 de abril de 2012

Gobama ou Nobama

É bem possível que a eleição presidencial de 2012 se transforme num verdadeiro referendo ao primeiro mandato de Barack Obama na Casa Branca. Se isso acontecer, veremos, por um lado, os democratas a defenderem o historial de Obama durante os últimos quatro anos, com destaque para os feitos realizados pelo Presidente em temas de defesa e relações externas, afinal a principal responsabilidade do Chefe de Estado norte-americano. E, neste domínio, a eliminação de Bin Laden estará em primeiro plano, como prova do bom desempenho do Commander in Chief das forças armadas dos Estados Unidos. Assim sendo, anúncios como este, com Bill Clinton no papel principal, deverão ser aposta frequente da campanha de Obama.



Por outro lado, os republicanos quererão demonstrar que o primeiro mandato de Obama se revelou um verdadeiro fiasco, depois das altíssimas expectativas que se geraram em 2008. Nesse sentido, a caracterização de Obama como um político com boa imagem, mas pouca substância pode funcionar a seu favor e, por isso, o caminho já seguido por John McCain em 2008, de comparar Obama a uma incelebridade inócua pode ser repetido por Mitt Romney, em 2012, como este anúncio (da autoria da Crossroads de Karl Rove) antecipa.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Romney cumpre calendário

A escolha de Mitt Romney como o nomeado presidencial do GOP em 2012 ficou sentenciada no momento em que Rick Santorum abandonou a corrida, deixando apenas um Newt Gingrich a meio gás e um inofensivo Ron Paul a disputarem as primárias com o antigo Governador do Massachusetts. 
Assim, esperava-se que as primárias de ontem, com cinco Estados a irem a votos (Nova Iorque Delaware, Connecticut, Pensilvânia e Rhode Island servissem apenas para cumprir calendário. Apenas no pequeno Estado do Delaware, onde Gingrich apostou em força nos últimos dias e conseguiu alguns apoios importantes a nível estadual, se admitia que a vitória do presumível nomeado republicano estivesse em causa. Contudo, ontem à noite, Romney conseguiu claras e inequívocas vitórias, ultrapassando a marca dos 50% em todos os Estados em jogo, incluindo o já citado Delaware e na Pensilvânia, onde se previa, até à desistência de Santorum, que se desenrolasse a "batalha" final pela nomeação republicana. 
Depois destes triunfos, Romney ainda não é formalmente o nomeado republicano, mas ficou já muito perto de atingir o número de delegados necessários para poder reclamar esse título na Convenção Nacional Republicana, em Tampa, Florida. Mas, seja como for, a verdade é que Romney é já tratado pelo seu partido e pela imprensa como o presumível nomeado e é provável que o passo final - a desistência dos adversários que ainda restam - não demore muito a chegar. Aliás, Gingrich, no seu discurso de ontem, já afirmou que vai agora pensar na melhor maneira de ajudar o seu partido. Ou seja, a sua saída da corrida deverá estar para breve.
Com a nomeação garantida, Mitt Romney há já algum tempo que está concentrado no seu próximo adversário: Barack Obama. Ontem, no seu discurso, que foi mais de aceitação da nomeação do que de vitória na noite eleitoral, deixou bem vincado que, a partir de agora, não dará tréguas ao ainda Presidente dos Estados Unidos. E a corrida está apenas a aquecer...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Lies, damned lies and statistics



"Lies, damn lies and statistics". Assim reza a frase tornada famosa por Mark Twain e que retrata a força dos números. E, numa altura em que assistimos a uma espécie de intervalo na corrida pela Casa Branca, depois de Romney ter selado a nomeação, os maiores pontos de interesse (além das pouco importantes especulações sobre o eventual candidato vice-presidencial republicano) têm que ver com números, ou, mais precisamente, com as várias sondagens que vão saindo e que dizem respeito à eleição presidencial.

A discussão em torno das sondagens é enorme, ou não fossem os Estados Unidos um país verdadeiramente "viciado" nestes polémicos estudos. Entre as diferenças que surgem entre sondagens que utilizam modelos de eleitores registados ou de eleitores prováveis ou entre empresas com maiores ligações ao Partido Democrata ou ao Partido Republicano, não faltam motivos para questionar os resultados de cada estudo de opinião que surge na imprensa. Contudo, as sondagens têm-se mostrado cada vez mais fiáveis na previsão dos resultados eleitorais, como se viu, aliás, em 2008.

A disputa a dois entre Barack Obama e Mitt Romney ainda é uma criança, mas, para já, o actual ocupante da Casa Branca parece ligeiramente à frente do seu adversário nas intenções de voto dos norte-americanos. No gráfico de cima, referente à média das sondagens nacionais do Real Clear Politics, percebe-se essa ligeira vantagem de Obama, apesar de as tracking polls (sondagens diárias que seguem os movimentos do eleitorado) iniciais terem mostrado Romney na frente - a Rasmussen Report continua a dar a liderança ao republicano, mas na Gallup é agora Obama quem lidera.

Contudo, é nas sondagens de nível estadual que Barack Obama tem obtido melhores resultados. Estudos recentes no Ohio e na Florida, porventura os mais importantes Estados na eleição geral, têm atribuído sistematicamente a liderança a Obama. Mas as más notícias para Romney não se ficam por aqui: no Arizona, onde um candidato presidencial democrata não vence desde 1996, Obama surge a apenas dois pontos percentuais do candidato republicano, o que parece confirmar a aposta da campanha democrata em competir neste Estado do southwest. Também no Missouri, um Estado que McCain venceu em 2008 (ainda que por curtíssima margem), a diferença entre Romney e Obama está dentro da margem de erro, o que indicia uma disputa renhida para Novembro. Finalmente, no New Hampshire, onde Romney vive actualmente e cuja primária venceu folgadamente, é igualmente Obama que surge melhor colocado,com 9% de avanço, segundo uma sondagem da universidade local.

Para já, Obama está bem colocado para assegurar a sua reeleição. Contudo, a procissão ainda vai no adro e teremos que esperar para ver o que acontece até ao dia 6 de Novembro. Porque será nessa noite que terá lugar a sondagem mais importante de todos e a que decidirá quem ocupará a Sala Oval da Casa Branca a partir de 20 de Janeiro do próximo ano.

domingo, 22 de abril de 2012

Obama relembra Rosa Parks

Numa visita ao Estado do Michigan, na passada Quarta-feira, Barack Obama aproveitou para passar pelo Museu Henry Ford, onde está actualmente exposto o famoso autocarro em que Rosa Parks, em 1955, se recusou a levantar para ceder o seu lugar a uma passageira branca, entrando para a história como uma das fundadoras do movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos. Obama sentou-se mesmo no lugar de onde, há mais de meio século, Rosa Parks não se quis levantar e ficou, durante alguns momentos, em reflexão, talvez recordando a luta daqueles que permitiram que, já em pleno século XXI, um afro-americano chegasse à Casa Branca. Se há imagens que valem por mil palavras, esta é, definitivamente, uma delas.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Hillary e Christie na frente para 2016 (!)

Pode parecer estranho que, a mais de seis meses das eleições presidenciais de 2012, já haja empresas norte-americanas a realizar sondagens sobre a eleição seguinte, em 2016. Contudo, nos Estados Unidos, há sondagens sobre tudo e mais alguma coisa e, por isso, não admira assim tanto que a Public Policy Polling (PPP) tenha divulgado ontem um estudo sobre as preferências dos eleitores de ambos os partidos para a corrida à Casa Branca de daqui a quatro anos.
De acordo com esta sondagens, Hillary Clinton e Chris Christie são os favoritos a obter a nomeação, respectivamente, do Partido Democrata e do Partido Republicano. E se no caso dos democratas, a actual Secretária de Estado tem mesmo, uma vantagem demolidora sobre o segundo classificado, o Vice-Presidente Joe Biden, já no lado republicano a corrida parece bem mais equilibrada, com o Governador de New Jersey a surgir na frente, ainda que com curta vantagem sobre Jeb Bush e Mike Huckabee.
A tão grande distância de 2016 estes resultados pouco ou nada significam a tão grande distância e reflectem mais o nível de familiaridade dos eleitores com os nomes apresentados do que uma verdadeira intenção de voto. Todavia, são uma curiosidade que delicia qualquer political junkie que se preze. Em baixo, os resultados completos desta sondagem da PPP.

Partido Democrata

Hillary Clinton: 57%
Joe Biden: 14%
Elizabeth Warren: 6%
Andrew Cuomo: 5%
Russ Feingold: 3%

Partido Republicano

Chris Christie: 21%
Mike Huckabee: 17%
Jeb Bush: 17%
Rick Santorum: 12%
Marco Rubio: 10%
Paul Ryan: 7%
Rand Paul: 4%
Bobby Jindal: 3%

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Escândalo no Secret Service

O Secret Service é a agência governamental responsável pela segurança das mais altas figuras do governo norte-americano. Normalmente, a sua acção é marcada pela discrição, e desde que o Secret Servvice foi criado, em 1865, por ordem de Abraham Lincoln (que, ironicamente, seria assassinado pouco tempo depois) são muito poucos os escândalos a que estão associados os seus agentes. 
Contudo, nos últimos dias, o Secret Service tem dado que falar pelas piores razões. Alegadamente, onze dos agentes que se deslocaram até à Colômbia para preparar a visita de Barack  Obama àquele país da América do Sul, solicitaram o serviço de prostitutas, o que segundo os códigos de conduta da agência é uma grave brecha de segurança. Agora, os envolvidos enfrentam um processo interno e é de prever que as consequências possam ser severas.
Este escândalo, que é já considerado o maior na história do Secret Service, promete assombrar a visita do Presidente dos Estados Unidos à Colômbia. Obama, apesar de ter tentado manter-se afastado dos acontecimentos, foi mesmo obrigado a afirmar que, caso se confirme a história, ficará muito zangado. Dificilmente este incidente prejudicará reflectir-se-á negativamente no Presidente, mas, no início de uma dura campanha eleitoral, a última coisa que Obama desejaria era ver-se envolvido (ainda que indirectamente) num escândalo sexual.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Santorum sai de cena

Depois de alguns dias de ponderação, e em que esteve ausente da campanha devido a doença da sua filha mais nova, Rick Santorum decidiu hoje abandonar a corrida pela nomeação presidencial do Partido Republicano. Assim sendo, a época de primárias chega, na prática, ao fim, já que Mitt Romney perde o seu principal adversário e torna-se, definitivamente, o presumível nomeado republicano. 
Santorum conseguiu nestas primárias um feito verdadeiramente notável. No início da campanha, era apenas uma nota de rodapé, raramente merecendo destaque dos media e surgindo nas sondagens quase sempre nos últimos lugares. Contudo, nas vésperas dos caucuses do Iowa, Santorum encetou uma fantástica recuperação que lhe permitiu mesmo vencer nesse Estado. E, à medida que a época de primárias foi decorrendo, Rick Santorum estabeleceu-se como a maior ameaça para Mitt Romney, o grande favorito. 
Apesar de, no final, ter sido derrotado por um concorrente que contou com uma esmagadora superioridade financeira, estrutural e organizacional., Santorum conseguiu, com esta sua campanha, tornar-se um dos líderes do Partido Republicano e terá, no futuro (talvez até nas eleições de 2016), um papel de relevo na política norte-americana. 
Findas as primárias, marcadas por um ambiente hostil e negativo entre os candidatos republicanos, segue-se o inevitável cerrar de fileiras em torno do candidato presidencial. Mitt Romney, que será, salvo algo de verdadeiramente extraordinário, o adversário de Barack Obama, na eleição geral de Novembro.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

As 50 mais loucas gaffes

Um engraçado artigo do Politico reúne as 50 mais loucas citações que resultaram da campanha pela nomeação presidencial republicana. Para ver (e rir), aqui.

Game (almost) over

Como se esperava, Mitt Romney venceu ontem as primárias que se disputaram. Em Washington D.C. e em Maryland os seus triunfos foram avassaladores (na capital venceu com 70% dos votos e em Maryland deixou Santorum a mais de 20 pontos percentuais) e no Wisconsin, apesar de a margem de vitória ter sido mais curta do que se previa, Romney conseguiu bater a concorrência, conseguindo, assim, o hat-trick que precisava para poder afirmar-se como o presumível nomeado do Partido Republicano.
No seu discurso de vitória de ontem à noite, Romney enviou um firme recado aos seus adversários: o jogo acabou, eu serei o nomeado. E, realmente, é já um dado praticamente adquirido que será o ex-Governador do Massachusetts a enfrentar Barack Obama na eleição geral do Outono. Mesmo que Santorum, Gingrich e Paul teimem em não abandonar a corrida, pelo menos para já. Rick Santorum anunciou ontem a intenção de apostar tudo na primária do seu Estado Natal, a Pensilvânia, numa derradeira tentativa de contrariar o momentum de Romney. Todavia, com as sondagens no Keystone State a mostrarem que Santorum está em perda, é bem possível que nem o estatuto de favorite son (que nem é assim tão favorito quanto isso, visto que Santorum perdeu a sua reeleição para o Senado por quase 20%) seja suficiente para evitar a vitória de Romney.
Agora, sem primárias durante três semanas, veremos as atenções virarem-se para o início das escaramuças entre as campanhas de Obama e Romney. À medida que o interesse e a excitação da época das primárias se vão desvanecendo, vislumbra-se o início da campanha pela eleição geral, numa altura em que os protagonistas estão já praticamente encontrados: Barack Obama selou ontem formalmente a sua nomeação pelo Partido Democrata e Mitt Romney está cada vez mais perto de fazer o mesmo do lado republicano.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Romney quer acabar com o jogo

Nova Terça-feira, nova noite de primárias nos Estados Unidos. Desta vez, irão a votos os Estados do Wisconsin e de Maryland, além da capital, a cidade de Washington D.C. E este pode ser um dia decisivo para a escolha do candidato presidencial do Partido Republicano. 
Mitt Romney, que irá vencer facilmente em Washington e em Maryland, espera um triunfo robusto no Wisconsin, onde, há não muito tempo atrás, era Rick Santorum que aparecia a liderar as sondagens, para poder selar de forma praticamente definitiva a corrida. As atenções estão por isso concentradas neste Estado do midwest, que pode representar a última oportunidade para os seus adversários (leia-se Santorum) impedirem Romney de conseguir a nomeação republicano.
Todavia, se Romney conseguir, como se espera, um hat-trick nas primárias de hoje, amealhando com isso um significativo número de delegados, é bem provável que os seus adversários não tenham outra hipótese que não a de abandonarem a corrida presidencial. Santorum poderá ainda querer fazer do seu Estado da Pensilvânia (que realiza a sua primária no próximo dia 24) o seu último bastião, mas sem uma vitória no Wsinconsin, a sua candidatura estará por um fio. Por sua vez, Newt Gingrich, comanda uma campanha que está já claramente a meio-gás, realizando umas selectivas acções de campanha (onde cobra 50 dólares por fotografia) e falando já na provável vitória de Romney. Se logo à noite obtiver mais um resultado medíocre (nos single digits), deverá mesmo equacionar a desistência. Ron Paul, como se sabe, corre por fora e com outros objectivos (fazer-se ouvir) que não a nomeação.
Assim, a noite de hoje pode muito bem marcar o fim das primárias republicanas de 2012. Pelo menos é esse, certamente, o desejo de Mitt Romney e da sua campanha, que cada vez se preocupa mais com a eleição geral frente a Barack Obama, em detrimento das primárias. Logo à noite, veremos se os eleitores do Wisconsin (assim como Santorum e Gingrich) lhe fazem a vontade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um olhar sobre o mapa eleitoral (2)

Numa altura em que Mitt Romney está cada vez mais perto de confirmar a nomeação presidencial republicana e se aproxima o fim das primárias, é de todo o interesse dar uma nova vista de olhos ao mapa eleitoral norte-americano de 2012. No mapa de cima, podemos observar aquela que é a minha análise do estado da corrida, no momento actual, e partindo do princípio de que será Romney a bater-se com Obama, na eleição geral de Novembro.
Em relação à minha última análise, há quatro meses atrás, o cenário está significativamente mais favorável para Barack Obama, que está já muito perto do número de votos eleitorais necessários para garantir a reeleição (270). Os principais ganhos para Obama situam-se no midwest, zona onde Ohio, o Michigan e o Wisconsin passaram de toss ups (onde o resultado é demasiado incerto para se poder fazer uma previsão) para leaning democrat, fruto de sondagens que têm mostrado vantagem para o Presidente e porque Romney terá dificuldades em justificar a sua oposição ao bailout da indústria automóvel, um sector fundamental nesta região dos Estados Unidos. Também a Vírginia passou de toss-up para leaning democrat, enquanto que a Florida apenas continua como toss-up porque Marco Rubio é um grande candidato à presença no ticket republicano, o que seria uma grande mais-valia para os republicanos no sunshine state. Por fim, também um dos votos eleitorais do Nebraska passou a constar na lista dos toss-ups, visto que tenho lido que Obama tem fortes hipóteses de conseguir vencer no distrito eleitoral da cidade de Omaha, como fez em 2008. 
Segundo o meu cenário (que vale o que vale), Obama consegue 258 votos eleitorais, face aos 190 de Romney, ficando 90 votos eleitorais em disputa. De momento, o favoritismo está do lado do actual ocupante da Casa Branca, cujos números têm tido tendência para subir. Contudo, falta ainda muito tempo para as eleições e, até lá, é bem provável que este mapa vá sofrendo várias alterações.