sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O momento zen da Convenção Republicana

Durante os últimos dias, o Partido Republicano colocou os jornalistas que cobrem a Convenção Nacional Republicana em alvoroço, depois de anunciar que, no último dia, haveria lugar ao discurso de um orador mistério, sem dar qualquer indicação de quem seria essa enigmática figura. Pois ontem ficaram desfeitas as dúvidas, quando o actor e realizador Clint Eastwood (que já havia declarado o seu apoio a Mitt Romney) subiu ao pódio para um discurso que pode ser caracterizado bizarro, que incluiu falar em direcção a uma cadeira vazia, colocada ao seu lado, e que estaria imaginariamente ocupada por Barack Obama, a quem afirmou ser "completamente maluco". Um momento surreal e que pode assombrar toda a Convenção, assim como o discurso final de Mitt Romney, sobre o qual falarei mais tarde.

O poster de que Ryan falava


Um dos pontos altos do discurso de Paul Ryan na Convenção Nacional Republicana, foi quando falou de de um qualquer jovem americano, na casa dos 20 anos de idade, que se via obrigado a voltar a casa dos pais, após a faculdade, por não conseguir arranjar emprego. Nessa visão de Ryan, o jovem desapontado com o país, olhava para um envelhecido poster de Barack Obama. A mensagem era simples: o Presidente dos Estados Unidos, depois de se candidatar à Presidência com base nas ideias de esperança e mudança, não cumpriu as suas promessas e desapontou aqueles que nele acreditaram.
Sem perder tempo, o Super PAC de Karl Rove, a Crossroads Generation, lançou logo, no dia seguinte, este bem conseguido anúncio televisivo que retratava, na íntegra, a situação retratada no discurso do candidato vice-presidencial republicano. Apesar de ser um sucesso, o anúncio de Rove, lançado cerca de 16 horas apenas depois do discurso de Ryan, demonstra inequivocamente que existe uma estreita ligação entre as campanhas e os Super PACS que os apoiam, o que vai contra as regas destas super estruturas que devem apoiar os candidatos políticos, mas sem que tenham contacto directo com as suas campanhas. Contudo, não haja dúvidas: ambos os lados são prevaricadores.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Condoleeza brilha; Ryan ataca


A Convenção Nacional Republicana, em Tampa, na Florida, continua a destacar-se como um momento galvanizador para o movimento conservador nos Estados Unidos. Depois de um primeiro dia animado, marcado por Ann Romney e por Chris Christie, o segundo dia foi ainda mais intenso, em especial os últimos dois discursos da noite, os de Condoleeza Rice, Secretária de Estado durante o segundo mandato de George W. Bush, e o candidato vice-presidencial republicano, o congressista Paul Ryan.
Condoleeza teve ontem aquele que foi talvez o seu primeiro grande momento de política partidária desde que assumiu funções na Administração Bush. Com um discurso brilhantemente escrito, além de muito bem delivered (falta-me melhor expressão em português), sem recurso a teleponto, Rice mostrou que pode ter um grande futuro político à sua frente, quem sabe já em 2016, com uma eventual candidatura à Casa Branca, caso Barack Obama obtenha um segundo mandato. Apesar de ter enviado algumas farpas à liderança de Obama, a ex-Secretária de Estado transmitiu principalmente uma postura responsável, séria e presidencial que devem ter conquistado mesmo os conservadores mais cépticos. Com experiência e conhecimentos suficientes, aliados ao facto de ser uma mulher afro-americana, o que poderia abrir novos eleitores ao GOP, Condoleeza Rice poderia ser, de facto, uma excepcional candidata republicana.
Em seguida, Paul Ryan subiu ao pódio para aceitar formalmente a sua nomeação como candidato vice-presidencial republicano. Quase desde a primeira frase, o congressista do Wisconsin agarrou por completo a sua audiência, que se deixou levar pela intensidade do discurso do candidato à Vice-presidência. Ryan, como se esperava, não poupou Barack Obama e teceu duras e contínuas críticas ao Presidente dos Estados Unidos. Mostrando ser um adepto da máxima "a melhor defesa é o ataque", Paul Ryan utilizou mesmo a questão do Medicare (programa cuja reforma por si proposta é considerada uma das potenciais fraquezas da candidatura republicana) para atacar Obama, dizendo que o Obamacare (reforma da saúde patrocinada pelo Presidente) é a maior ameaça aos cuidados de saúde dos idosos.
No final do discurso, Ryan tinha a sala da Convenção totalmente a seus pés e tinha, pelo menos, dado um novo herói ao movimento conservador americano e trazido uma paixão à campanha republicana que, até agora, Mitt Romney ainda não foi capaz de proporcionar. No rescaldo do discurso, surgiram em muitos órgãos de comunicação social informações que apontavam para incorrecções e distorções de factos utilizados por Ryan para atacar Obama. Contudo, é muito duvidoso que essas acusações, ainda que verdadeiras, tenham qualquer impacto na popularidade de Paul Ryan, já que a maioria dos eleitores não segue os fact-checkers ou os programas de comentário político da televisão por cabo.
Assim sendo, este foi mais um dia bastante positivo para o Partido Republicano. Agora, falta apenas o dia final da Convenção, cujo ponto alto será o discurso de Mitt Romney, que aceitará ocialmente a nomeação presidencial do GOP. A fasquia está colocada bastante alta para o candidato republicano à Casa Branca, já que, após os excelentes discursos dos últimos dias, Romney não quererá, certamente, ser ofuscado por figuras menores neste seu momento decisivo rumo à Presidência.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O primeiro dia

Começou ontem, pelo menos "a sério", a Convenção Nacional Republicana e o GOP não perdeu a oportunidade que lhes é concedida pela grande atenção mediática deste evento para "vender" a imagem do seu candidato à Casa Branca, Mitt Romney.
Terça-feira, que deveria ser o segundo da Convenção, mas que, devido ao furacão Isaac, foi, de facto, o primeiro, teve discursos para todos os gostos e com objectivos diferentes. O Senador Rand Paul dirigiu-se aos congressistas, basicamente para acalmar os apoiantes do seu pai, o candidato presidencial da facção libertária do partido, Ron Paul, e para demonstrar que a heterogeneidade do GOP é respeitada pela actual liderança. De seguida, discursou Rick Santorum, o principal adversário de Romney durante a campanha e que serviu para agradar aos republicanos mais conservadores e para atacar o registo de Barack Obama no que diz respeito às políticas do Estado social. Contudo, estes não eram os momentos mais aguardados.
Uma das maiores curiosidades do dia de ontem dizia respeito a Ann Romney e ao seu discurso. Até ao momento, a possível futura Primeira-Dama dos Estados Unidos tem estado algo ausente da campanha e há quem considere que Ann poderia ser uma mais valia para a candidatura republicana no trilho da campanha. E, ontem, a esposa de Mitt Romney pareceu dar razão a esses comentários, já que conseguiu um excelente discurso, apresentando um lado mais pessoal e humano do seu marido, o que é essencial, visto que as sondagens têm mostrado que uma das principais debilidades do nomeado republicano é a sua fraca capacidade para se "ligar" aos eleitores. No final do discurso de Ann, Mitt subiu ao palco, numa surpresa encenada.
Mais tarde, foi a vez do keynote speech, honra que este ano foi designada a Chris Christie, Governador de New Jersey. O discurso de Christie era muito antecipado pelos media e pelos delegados à Convenção. E o imponente Governador não desiludiu, apresentando uma comunicação ao seu estilo, apaixonada e vibrante, que levou ao rubro o Tampa Bay Times Forum. Christie serviu de attack dog, criticando duramente Barack Obama e os democratas. Contudo, parece-me que terá falhado, pelo menos em parte, no objectivo de "vender" a imagem de Mitt Romney aos norte-americanos, tendo demorado mais de metade do seu discurso a referir sequer o nome do nomeado republicano. Além disso, apresentou um contraste talvez demasiado forte com o discurso emotivo e sereno de Ann Romney e houve mesmo alguma contradição entre os dois discursos (Ann montou o seu discurso à volta do tema «amor», enquanto Christie disse que os americanos deveriam preferir o respeito ao amor).
 Mas, no final da noite, o resultado foi globalmente positivo para o Partido Republicano, que tem o handicap de ver a sua Convenção competir com um furacão no domínio do ciclo noticioso. Hoje, continuam os trabalhos, com a realização de muitos discursos de grandes estrelas do GOP (McCain, Pawlenty, Jeb Bush, etc.), mas o maior destaque vai para o de Paul Ryan, o candidato vice-presidencial que terá aqui o seu primeiro grande teste na campanha. Mais logo, veremos como se sai.

Vídeos dos discursos de Ann Romney e Chris Christie aqui.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Convenção republicana com início adiado

Devia ser hoje o arranque da Convenção Nacional Republicana, em Tampa Bay, na Florida. Todavia, devido à iminente chegada do furacão Isaac à costa dos Estados Unidos, o primeiro dia de trabalhos foi cancelado, aliás à imagem do que aconteceu, há quatro anos atrás, aquando da Convenção Nacional Republicana, em Minneapolis, cujo primeiro dia foi também desmarcado por causa de um outro furacão que ameaçava o Estado do Lousiana.
Com os fenómenos naturais a perturbarem o normal funcionamento do evento que o Partido Republicano tencionava utilizar para dar um empurrão decisivo à candidatura de Mitt Romney à Casa Branca, o alinhamento terá que ser, agora, remodelado, já que para o dia de hoje estavam agendados vários discursos, entre os quais os de Rand Paul, Mike Huckabee e da esposa do candidato presidencial republicano, Ann Romney.
Para já, apenas foi anunciada esta decisão adiar o início da Convenção, mas o Boston Globe colocou mesmo a possibilidade de todo o evento ser cancelado, dependendo da violência do furacão. Isto porque as imagens simultâneas de uma festa política e de milhares de americanos em sofrimento devido a uma catástrofe natural não é propriamente o cenário que os republicanos quererão transmitir aos eleitores, a poucos meses da eleição presidencial.
Contudo, esse cenário parece, de momento, pouco provável e a Convenção Nacional Republicana deverá abrir portas amanhã, num dia que será muito preenchido e onde se destaca o discurso de Chris Christie, o carismático Governador de New Jersey. Assim, se o tempo o permitir, os próximos três dias serão a grande oportunidade para o GOP vender a sua imagem é o do seu nomeado presidencial ao grande público e, com isso, dar um importante passo rumo à Casa Branca.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Mr. Nice Guy vs Mr. Businessman

Barack Obama e Mitt Romney são dois candidatos totalmente diferentes que contam também com pontos fortes e fraquezas totalmente opostos. Enquanto o actual Presidente é visto favoravelmente enquanto ser humano e homem de família pelos norte-americanos, já o seu trabalho na Casa Branca, em especial no domínio da economia não merece a aprovação da maioria dos eleitores dos Estados Unidos. Por seu lado, Mitt Romney, é visto com uma certa desconfiança pela maioria dos americanos que não nutrem especial simpatia pessoal pelo antigo Governador do Massachusetts. Todavia, porventura devido ao seu passado de executivo de sucesso, confiam na sua competência para melhorar a situação económica do país.

Como prova desta dicotomia Obama/Romney, saiu ontem uma sondagem USA Today/Gallup que apresenta resultados interessantes. Como se pode ver no quadro de baixo, Obama fica bastante à frente de Romney em termos de características pessoais, com excepção da capacidade de gerir o governo, onde os dois candidatos obtêm resultados semelhantes.


Contudo, quando se pergunta aos eleitores qual o político que consideram mais capaz para lidar com um determinado tópico da agenda política, obtemos também resultados interessantes. O Presidente consegue vantagem em quase todas as áreas, incluindo relações externas, energia, saúde e até, de forma algo surpreendente, nos impostos. Todavia, os eleitores consideram, por larga margem, que Romney é o melhor preparado para lidar com a economia e com o défice federal.


No fim de contas, é verdade que Obama fica à frente de Romney em quase todos os critérios, sejam eles pessoais ou políticos. Contudo, a vantagem do nomeado republicano na economia, que é, de longe, a principal preocupação dos eleitores norte-americanos, pode fazer toda a diferença e ser suficiente para destronar Barack Obama da Casa Branca. Seja como for, tem um facto bastante curioso: nunca um Presidente com o país em tão má situação económica teve tantas possibilidades de ser reeleito e, ao mesmo tempo, nunca um candidato presidencial com tão baixos índices de popularidade esteve tão perto de ser eleito Presidente.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

The money race

Esta infografia, da autoria do New York Times, ilustra a corrida pelo dinheiro na campanha presidencial norte-americana. Com estes valores, podemos ver que Barack Obama, juntamente com o Partido Democrata e o seu Super PAC, angariou, até ao momento, mais dinheiro que o seu adversário, mas que, ao mesmo tempo, também já gastou mais, tendo mesmo, actualmente, menos dinheiro disponível do que Mitt Romney.
Como candidato, Obama consegue receber muito mais dinheiro em doações monetárias do que o nomeado republicano, enquanto que a nível de contribuições para as estruturas partidárias os números estão muito próximos. Assim, estes números, por si só, fariam supor que o Presidente teria, como há quatro anos, vantagem financeira sobre o nomeado republicano. Contudo, desta vez, existe uma nova variável: os Super PACs. E, aí, o GOP levam uma substancial vantagem sobre os democratas, vantagem essa que, numa eleição muito equilibrada, pode fazer a diferença entre a vitória e a derrota.

(Mais detalhes sobre a money race podem ser consultados aqui).

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um republicano a dar tiros nos pé

O congressista republicano pelo Missouri Todd Arkin, que concorre a um lugar no Senado pelo mesmo estado, teve ontem declarações bombásticas acerca do aborto em casos de violação e que estão já a ter repercussões nacionais. Numa entrevista televisiva, quando justificava a sua oposição ao aborto mesmo em casos de violação, Arkin afirmou que as vítimas de violação "legítima" raramente engravidam. Como seria de esperar, estas declarações tiveram grande repercussão nos media que reproduziram vezes sem conta as polémicas afirmações do candidato ao Senado.

Numa primeira instância, será mesmo Todd Arkin a sofrer as consequências, já que é bem possível que esta polémica seja uma dádiva caída do céu para a sua opositora democrata, a Senador Claire McCaskill, que, até agora, vinha surgindo atrás do candidato republicano nas sondagens. Contudo, o impacto declarações de Arkin deverá chegar à corrida nacional pela Casa Branca, pelo menos se isso depender dos democratas, que estão já a ligar a posição do político do Missouri ao GOP em geral e ao ticket Romney/Ryan em particular.

Para Mitt Romney, o principal problema nesta questão não vem propriamente das afirmações de Arkin, mas sim a possibilidade de os democratas poderem novamente utilizar a questão do aborto na campanha presidencial. Numa eleição renhida, as mulheres solteiras podem tornar-se um grupo eleitoral decisivo e a posição pro-life do ticket republicano pode alienar uma boa parte dessas eleitoras. Mais uma vez neste ciclo eleitoral, os republicanos serão obrigados a desviar-se da sua mensagem centrada em temas económicos, o que só os prejudica. Neste caso, porém, o culpado é um membro do próprio partido, que, em Novembro, poderá ser responsável não só pela manutenção da maioria democrata no Senado, mas também por ajudar Barack Obama a ser reeleito.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Romney com momentum?

Até ao momento, verificava-se uma tendência na corrida presidencial norte-americana: as sondagens nacionais traduziam um grande equilíbrio entre os dois candidatos, mas, por outro lado, as sondagens estaduais nos chamados battleground states mostravam Barack Obama numa posição favorável para vencer o Colégio Eleitoral e, consequentemente, garantir mais um mandato na Casa Branca.
Contudo, durante o dia de hoje, a Purple Strategies revelou novos estudos de opinião em quatro Estados fundamentais: Colorado, Florida, Ohio e Virginia. E, algo surpreendentemente, ficámos a saber que, segundo estas sondagens, Obama apenas lidera no Colorado, ficando atrás de Romney nos restantes três Estados.

Colorado
Obama 49%
Romney 46%

Florida
Romney 48%
Obama 47%

Ohio
Romney 46%
Obama 44%

Virginia
Romney 48%
Obama 45%

Como se pode ver pelos números de cima, o equilíbrio é a nota dominante, mas não deixa de ser significativo que, de um momento para o outro, Obama perca, aparentemente, terreno para Romney em vários Estados decisivos para o desfecho da eleição. Mas, afinal de contas, o que quererão dizer estes resultados: serão apenas outliers? Serão efeito positivo da escolha de Paul Ryan para running mate de Romney? Para já, a resposta a estas questão é um incógnita. Teremos de esperar pelos próximos dias para ver se a corrida está mesmo a mudar a favor do nomeado republicano.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Missouri parece competitivo

Em eleições presidenciais, o Missouri é considerado um barómetro, já que, desde 1904, apenas por duas vezes (em 1956 e em 2008) o vencedor neste Estado não coincidiu com o vencedor da eleição geral. Assim, o Missouri é tradicionalmente um battleground state bastante disputado durante a campanha presidencial. Neste ciclo eleitoral, porém, este Estado não parecia, à partida, um dos principais palcos da corrida à Casa Branca, até porque se, em 2008, num ano extremamente favorável para os democratas, Obama não foi capaz de vencer neste Estado, então, desta vez, isso ainda seria mais improvável.
Talvez em virtude dessa descrença quase geral de uma corrida renhida no Missouri, este Estado tem recebido pouca atenção por parte das empresas de sondagens e há algum tempo que estávamos sem notícias sobre o rumo dos acontecimentos neste Estado do midwest. Contudo, foram divulgadas duas sondagens sobre a disputa presidencial no Missouri e, de forma até algo surpreendente, ambas mostram uma corrida muito renhida, com Mitt Romney a superiorizar-se a Barack Obama por apenas um ponto percentual.
Primeiro, foi a SurveyUSA a apresentar uma sondagem que colocava Romney com 45% das intenções de voto, contra os 44% de Obama. Quando esse estudo surgiu, houve quem pensasse (eu próprio incluído) que se tratava de "ruído estatístico". Contudo, logo depois, surgiu uma nova sondagem, desta vez da Chilenski Strategies (confesso que desconheço esta empresa), que mostrou números semelhantes - Romney 48%, Obama 47%, o que pode indicar que, afinal, o Missouri é mesmo um Estado competitivo e a ter em conta para a eleição presidencial.
Ainda assim, parece-me que o Missouri não será decisivo na luta pela Casa Branca. É certo Barack Obama pode perfeitamente sair vencedor neste Estado, mas, se o fizer, será certamente num cenário em que ganhará facilmente a eleição geral, já que o Missouri é significativamente mais republicano que a média nacional.Ou seja, muito dificilmente serão os votos eleitorais do Missouri a decidir o desfecho da eleição.

sábado, 11 de agosto de 2012

Paul Ryan é o escolhido

Confirmando os rumores cada vez mais consistentes dos últimos dias, Mitt Romney já escolheu o seu candidato vice-presidencial: o congressista Paul Ryan completará o ticket republicano nas eleições presidenciais de Novembro. Durante a madrugada, a campanha de Romney lançou o site romneyryan.com e, na manhã de hoje, os dois candidatos republicanos surgirão juntos num evento que servirá para oficializar a escolha de Romney.
Como já tinha referido, a opção Paul Ryan será sempre um pau de dois bicos para Romney. Por um lado, escolhe um político jovem (42 anos) e inovador, que é um dos principais pensadores do actual GOP e que excitará de igual modo as bases e o establishment do partido. Ao mesmo tempo, reveste de susbstância política e ideológica a sua campanha, muitas vezes acusada de ser inócua e de não apresentar propostas e soluções para o país.
Por outro lado, os planos de Ryan para o Medicare (tenciona transformar o programa num sistema de vouchers) poderão prejudicar as chances do ticket republicano junto do eleitorado independente. Não admira, por isso, que os democratas estejam a rejubilar pela escolha de Romney, começando já a caracterizar Paul Ryan como uma ameaça para a classe média norte-americana. Há ainda a possibilidade de o brilho de Paul Ryan (é um político dinâmico e capaz de cativar quem o ouve) ofuscar o estilo sóbrio e até algo "cinzento" de Romney.
A escolha de Paul Ryan como candidato vice-presidencial representa o primeiro grande acto audaz da campanha de Mitt Romney, que, até agora, não tinha corrido grandes riscos.  Já o timing da escolha parece perfeito, visto que nos últimos dias Barack Obama vinha a fugir nas sondagens, obrigando a campanha republicana a tomar uma atitude e a tornar-se, depois deste anúncio, o centro das atenções mediáticas da campanha presidencial. 
A partir de agora, com os quatro candidatos presidenciais conhecidos e a poucos dias do início das convenções nacionais, a disputa pela Casa Branca aumenta de intensidade. Todavia, o melhor é mesmo esperarmos alguns dias para percebermos o impacto que Paul Ryan provoca na corrida presidencial.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Se a eleição fosse hoje...

... este seria o mapa eleitoral em que eu apostaria. Se tivesse razão, Barack Obama ganharia folgadamente a Mitt Romney no colégio eleitoral, ainda que ficasse aquém dos 365 votos eleitorais que conseguiu em 2008.
Esta meu mapa eleitoral, baseado nos resultados actuais das sondagens nos diversos Estados norte-americanos, é bastante semelhante com o panorama da eleição de há quatro anos, com apenas duas excepções: o Indiana e a Carolina do Norte, que passam da coluna democrata para a republicana. E se a vitória de Romney no primeiro Estado é praticamente um dado adquirido, já a Carolina do Norte, é outra questão, com os dois candidatos praticamente empatados nas sondagens. Contudo, neste momento, parece-me que é o nomeado do GOP quem leva ligeira vantagem.
Contudo, a minha maior dúvida ao realizar a minha previsão foi relativa ao caso Florida, que é, a meu ver, o exemplo perfeito de um toss-up, um Estado de vencedor imprevisível. Acabei por colocar as minhas fichas numa vitória de Obama, apesar de estar ciente que a corrida no sunshine state está ainda too close to call e que um novo dado, como, por exemplo, a escolha de Marco Rubio para VP de Romney pode alterar completamente o panorama.
Em menor medida, também os Estados do Colorado, da Virgínia e do Ohio me obrigaram a colocar alguns pontos de interrogação. No Colorado, parecia que Obama seguia bem encaminhado para uma vitória, fruto da sua popularidade junto do eleitorado hispânico, comunidade com forte implementação neste Estado do Oeste. Todavia, as duas últimas sondagens vieram mostrar que o Colorado pode estar mais equilibrado do que se previa: a Quinnipiac deu vantagem de 5% a Romney, enquanto que a Rasmussen mostrou a corrida empatada. De qualquer forma, e como em 2010, num ano extremamente favorável ao GOP, os democratas conseguiram bons resultados no Colorado, mantive este Estado pintado de azul.
Seguindo para Leste, vamos até ao Ohio, palco tradicional das grandes decisões das eleições presidenciais, onde continuo a pensar que é Barack Obama quem leva vantagem, em parte devido à popularidade do bailout realizado pelo governo federal dos EUA às grandes empresas do sector automóvel, que empregam muitos dos eleitores nesta zona do país. Além disso (e é provável que estes dois factos estejam relacionados), o southwest dos Estados Unidos tem tido uma recuperação económica mais rápida do que a média nacional, com uma taxa de desemprego relativamente reduzida.
Por fim, na Virgínia, uma das apostas de sucesso da campanha de Obama em 2008, o momentum continua, aparentemente, do lado democrata, com as sondagens a mostrarem um ligeiro ascendente de Obama neste Estado, o que se pode explicar pela expansão dos subúrbios de Washington D.C., para onde vão viver muitos funcionários públicos, que, tradicionalmente, preferem o Partido Democrata.
Ficam, assim, justificadas as minhas decisões mais difíceis ao realizar esta aposta para o mapa eleitoral das próximas eleições presidenciais. Estamos, porém, a muitos dias da verdadeira noite eleitoral e tudo pode mudar. Até lá, irei fazendo novas projecções, com a derradeira aposta a ficar prometida para a véspera do dia de todas as decisões.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os últimos rumores sobre o VP de Romney

Deve estar por dias o anúncio do candidato vice-presidencial de Mitt Romney. Como é norma nestas alturas, têm-se sucedido os rumores sobre vários nomes que podem concorrer no ticket republicano. 
Ontem, no normalmente bem informado Drudge Report, foi notícia, baseado num suposto desabafo de Barack Obama a um angariador de fundos, de que podia ser o General David Petraeus o nomeado vice-presidencial do GOP. Todavia, parece-me que não será o herói do surge do Iraque a concorrer juntamente com Romney, apesar dessa ser uma ideia que assusta, e muito, a Casa Branca. Petraeus é um soldado e, como tal, deveria sentir alguns constrangimentos éticos ao ter de enfrentar e mesmo de criticar durante aquele que tem sido, nos últimos quatro anos, o seu Commander-in-Chief. Além disso, o General Petraeus, recentemente nomeado Director da CIA por Obama, teria dificuldades em explicar como aceitou um cargo tão conceituado e de tão alta responsabilidade numa Administração em que não acredita. Por isso, parece-me que o surgimento do nome de David Petraeus nas coagitações para a vice-presidência  é mais um acto de desinformação do que um rumor fundado.
Já hoje, tem-se falado com maior insistência no nome de Paul Ryan, congressista pelo Winsconsin, para possível running mate de Mitt Romney. Ryan é uma estrela em ascensão do Partido Republicano e a principal figura do GOP a nível de política fiscal. A sua escolha seria, sem dúvida, uma boa forma de Romney dar maior substância à sua candidatura, muitas vezes acusada de apresentar poucas ideias concretas para os Estados Unidos. Contudo, com Ryan no ticket presidencial, a campanha republicana tornar-se-ia rapidamente numa espécie de referendo ao Medicare, o popular programa de assistência de saúde aos idosos, e que Paul Ryan pretende reformar profundamente.
Petraeus e Ryan seriam escolhas arrojadas, sem dúvida. Porém, até ao momento, Romney tem apostado numa campanha by the book e sem correr grandes riscos. Assim, políticos como Rob Portman ou Tim Pawlenty têm uma maior probabilidade de serem os escolhidos. Até porque se costuma dizer que o principal critério para a escolha de um candidato vice-presidência é: first, do no harm.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Romney a vencer a batalha pelo dinheiro

Há nem tanto tempo quanto isso, quando se antevia a corrida pela Presidência dos Estados Unidos em 2012, um dado era praticamente adquirido: Barack Obama e os democratas teriam, à semelhança do que aconteceu há quatro anos, uma considerável vantagem financeira sobre o seu adversário republicano. Com uma enorme capacidade de angariar pequenas quantidades de contribuições monetárias oriundas de centenas de milhares de indivíduos, muitos deles jovens ou pertencentes a minorias e contando com uma aposta de sucesso nas novas tecnologias, Obama parecia fora de alcance, a nível financeira, para qualquer candidato do GOP.
Todavia, logo que a disputa pela nomeação republicana terminou, Mitt Romney demonstrou ser um formidável angariador de dinheiro, ultrapassando sucessivamente as receitas mensais dos democratas. Com base numa estratégia diferente, ou não fossem o seu eleitorado e grupo de apoiantes totalmente diferentes dos do Presidente, Romney conseguiu atrair avultadas contribuições de empresas e particulares do meio empresarial. Além disso, os seus Super PACs continuam a fazer entrar milhões de dólares em dinheiro de contribuições não sujeitas às restrições e ao controlo dos dólares que entram directamente na campanha e no Partido Republicano.
Ontem, foram divulgados os números das angariações de ambos os candidatos durante o mês de Julho e, uma vez mais, foi Mitt Romney quem conseguiu colectar mais dinheiro. Com 75 milhões de dólares (entre a sua campanha e o DNC), Obama ficou significativamente aquém dos 101 milhões angariados por Mitt Romney e o RNC. Continua, assim, a construir-se um cenário até há pouco tempo impensável, em que são os republicanos a dispor de uma maior capacidade financeira que é fundamental para uma campanha eleitoral norte-americana, onde é necessário distribuir recursos por vários Estados onde se disputa a eleição presidencial. Esta é, porém, uma realidade bem familiar para os democratas, habituados a serem os claros underdogs nesta corrida pelo dinheiro, que pode ser importante, mas não decidirá, por si só, quem será o vencedor na noite eleitoral de 6 de Novembro.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Obama descola, mas pouco


A pouco mais de três meses da eleição presidencial norte-americana, a corrida entra agora num período de alguma acalmia que se manterá até ao fim dos Jogos Olímpicos. Depois disso, a campanha eleitoral deve voltar em força, com o anúncio do candidato à vice-presidência no ticket de Romney e as convenções nacionais dos dois partidos a assinalarem o arranque a todo o gás, e sem mais pausas até ao final, da corrida pela Casa Branca.
Importa, por isso, fazer um breve ponto da situação. De momento, os números parecem mostrar uma ligeira descolagem de Barack Obama. Como indica o gráfico do Real Clear Politics, as sondagens nacionais têm colocado o Presidente em vantagem e apenas a Rasmussen continua a dar a liderança na sua tracking poll. Mas, mais importante ainda que as sondagens nacionais são os números que chegam dos swing states e esses também têm favorecido Obama. Ainda ontem, a Quinnipiac divulgou sondagens no big three (Ohio, Florida e Pennsylvania), onde Barack surge em todos os Estados acima da barreira dos 50% e com uma vantagem interessante sobre Romney. Aliás, o actual ocupante da Sala Oval tem conseguido a dianteira em praticamente todos os battleground states, com excepção do Missouri (que este ano não o deverá ser) e da Carolina do Norte, onde, ainda assim, está muito próximo, se não empatado, de Romney. É com base nos números das sondagens, mas não só, que a probabilidade de vitória de Barack Obama, segundo o modelo do fivethirtyeight de Natel Silver, ultrapassa já os 70%. 
Contudo, alguns analistas têm sugerido que quando as empresas e institutos responsáveis pelas sondagens mudarem o modo como seleccionam as amostras (aceitando apenas eleitores prováveis), isso favorecerá os republicanos, já que os apoiantes democratas têm, tradicionalmente, uma maior propensão à abstenção do que os republicanos. Ainda assim, há já algumas empresas que já sondam apenas likely voters (a própria Quinnipiac, por exemplo) e as eleições passadas provaram que a alteração nos modelos tem impacto nos números das sondagens, mas que esse impacto é muito reduzido.
Assim sendo, parece correcto afirmar que Barack Obama está, de momento, numa situação de vantagem, ainda que muito ligeira. Todavia, faltam ainda muitos dias até 6 de Novembro, quando se saberá quem será o Presidente dos EUA durante os próximos quatro anos. Até lá, conheceremos o VP de Romney, decorrerão as convenções nacionais, os quatro debates televisivos e poderão suceder, ou não, várias surpresas. Além disso, estamos em pleno período de férias e só lá para Setembro é que o grosso do eleitorado norte-americano irá prestar uma maior atenção à campanha eleitoral. E aí sim, começará verdadeiramente a corrida.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As boas-vindas dos democratas a Romney

Numa altura em que Mitt Romney está de volta aos Estados Unidos, depois do seu périplo europeu, o DNC (Democratic National Committee), lançou um novo anúncio de ataque ao nomeado republicano. De forma a que o público não esqueça as diversas gaffes cometidas por Romney no estrangeiro, o anúncio faz uma compilação de diversas reacções de órgãos de comunicação social locais às afirmações mais controvérsias do candidato presidencial.