quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os derrotados da noite

Mitt Romney - O candidato republicano realizou uma boa campanha, conseguindo manter-se na disputa pela Casa Branca até ao último minuto, um feito que não é de menor importância. Contudo, a verdade é que a vitória frente a um Presidente fragilizado estava perfeitamente ao alcance de Romney. O seu posicionamento demasiado à Direita durante as primárias republicanas, assim como algumas falhas do próprio candidato (como o comentário dos 47%) explicam em alguma medida a derrota do GOP nestas eleições presidenciais. Em abono da verdade, Mitt Romney nunca conseguiu entusiasmar os republicanos e, entre dois "diabos", os cidadãos dos Estados Unidos preferiram ficar com "diabo" que já conheciam.

GOP - Afinal, os resultados das intercalares foram mais um acidente de percurso do que um sinal da recuperação da "marca" republicana. À imagem do que sucedeu nas eleições de 2006 e 2008, os republicanos tiveram em 2012 mais um terrível ciclo eleitoral, perdendo a Casa Branca e dois lugares no Senado, quando se esperava que pudessem recuperar o controlo da câmara alta do Congresso. O Partido Republicano continua a não resolver o problema demográfico com que se defronta de forma cada vez mais premente (em 2012, os republicanos tiveram o seu pior resultado de sempre junto dos hispânicos, o grupo eleitoral com maior taxa de crescimento no país) e necessita urgentemente de rever a sua plataforma política se quiser manter-se competitivo a nível nacional. Para já, ganhar 60% dos eleitores brancos ainda vai dando para vencer algumas corridas, mas a sangria republicana junto das minorias e das mulheres é totalmente insustentável para o futuro do partido.

Tea Party - O movimento conservador que fez furor na linha da frente da oposição a Obama já quase que desapareceu do mapa e, hoje, é praticamente irrelevante. Depois das eleições de 2010, em que contribuiu decisivamente para a nomeação de candidatos republicanos inelegíveis, o que ajudou os democratas a manter o controlo do Senado, o Tea Party voltou a ser prejudicial para o GOP. Desta vez, a influência deste movimento junto das bases republicanas levou a que as primárias presidenciais do partido fossem muito balançadas à Direita, o que prejudicou Mitt Romney na campanha nacional. Contudo, parece que o Partido Republicano já se deu conta dos malefícios do Tea Party, que não foi, nem por uma vez, mencionado na Convenção Nacional do Partido. Ao que tudo indica, este movimento vai desaparecer tão rapidamente quanto apareceu.

Gallup e Rasmussen - A Gallup é a mais famosa e histórica das empresas de sondagens no Estados Unidos. Contudo, este ano, os seus estudos foram totalmente desmentidos pelos resultados finais. A cerca de duas semanas da eleição, a Gallup chegou a dar sete pontos percentuais de avanço a Romney e, na véspera da eleição, a sua tracking poll mostrava ainda o republicano na frente da corrida. Já em 2010, os dados da Gallup foram desmentidos pelos resultados, mas as eleições para o Congresso são sempre mais difíceis de sondar, pelo que o erro quase que passou despercebido. Desta vez, porém, a Gallup não escapará ao chorrilho de críticas que se avizinha. O caso da Rasmussen é ligeiramente diferente, já que é conhecida os laços conservadores do seu dono, Scott Rasmussen. Contudo, em 2008 a Rasmussen foi das empresas mais certeiras e ganhou crédito junto dos analistas. Em 2010, os seus números mostravam já um bias republicano, mas, este ano, a credibilidade da Rasmussen deve sofrer um grande abalo. Além da sua tracking poll ter falhado na mesma medida que a da Gallup, as suas sondagens estaduais, que mostravam resultados muito favoráveis a Romney, também falharam rotundamente. 

Pundits Conservadores - Depois de a Fox News atribuir a vitória a Obama, Karl Rove (o principal estratega político de George W. Bush) irritou-se, em directo, e contestou a decisão da cadeia noticiosa conservadora, afirmando que a corrida ainda não estava decidida. Esta rábula ilustrou bem o choque que os principais comentadores conservadores sentiram enquanto assistiam ao escrutínio eleitoral. Depois de várias semanas a darem como certa a vitória de Romney e a desprezarem as sondagens, que, segundo eles, estavam totalmente distorcidas (skwed), os conservative pundits não estavam preparados para uma derrota republicana desta magnitude. Ao induzirem em erro os seus ouvintes conservadores, os comentadores conservadores prestaram um mau serviço a quem neles confiou para se manter informado e contribuíram para a vitória democrata.

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