quarta-feira, 30 de maio de 2012

1144

Quase cinco meses depois dos caucuses do Iowa, que marcaram o início da época de primárias, Mitt Romney conseguiu finalmente alcançar o número mágico de 1144 delegados, conseguindo, assim, selar oficiosamente a nomeação presidencial pelo Partido Republicano. A marca foi obtida depois de, ontem, ter vencido, com 69% dos votos, a primária do Texas, o que lhe permitiu ultrapassar a fasquia dos tais 1144 delegados que valem a nomeação. Agora, com as primárias definitivamente para trás das costas, resta a Romney concentrar-se na eleição geral e em derrotar Barack Obama.

Ridiculous

Donald Trump está definitivamente de volta à ribalta política. Depois de, durante 2011, muito se ter falado de uma possível candidatura presidencial do multimilionário e criador de reality-shows, agora, em plena campanha eleitoral, Trump volta a dar que falar, desta vez devido à sua convicção de que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos. E ontem teve mesmo uma acesa discussão com Wolf Blitzer, depois de este lhe ter dito que começava a parecer ridículo, tendo Trump respondido na mesma moeda. Mas, para se perceber o tom ríspido da troca de argumentos, o melhor é mesmo verem o vídeo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Off message

Para uma campanha política ser bem sucedida é essencial que o candidato que a encabeça se mantenha focado na mensagem que pretende transmitir ao público, evitando as fugas ao discurso previamente definido e escapando a temas e assuntos que afastem a campanha do rumo que previamente definiu ser o mais acertado para a vitória.
 Contudo, a campanha presidencial está a ser marcada, pelo menos para já, por uma constante fuga à mensagem, e logo por parte das duas campanhas. De um lado, Barack Obama, tem sido recentemente criticado, inclusivamente no seio do seu próprio partido, por estar a apostar em ataques contra o passado empresarial do seu adversário, Mitt Romney. Em anúncios de campanha e declarações, Obama tem apontado o dedo aos milhares de empregos que Romney terá, diz o Presidente, destruído, aquando do seu tempo na Bain Capital. Esta é uma estratégia que se percebe, tendo em conta a ainda elevada taxa de desemprego que se regista nos Estados Unidos. Contudo, o ataque populista de Obama não parece estar a ser eficaz, da mesma forma, aliás, que não o foi, quando Newt Gingrich e Rick Santorum utilizaram a mesma táctica durante as primárias republicanas. 
 Por sua vez, Mitt Romney, que até estava a ter um período positivo, parecendo estar a ganhar ímpeto na corrida, foi forçado, recentemente, a desviar-se da sua mensagem essencialmente centrada na economia. Isto porque Donald Trump, actualmente um dos seus mais ferozes apoiantes voltou a dizer que Obama nasceu no Quénia e não nos Estados Unidos, não sendo, por isso, elegível para o cargo de Presidente. Acossado pelos jornalistas, que tentam obter uma reacção sobre as novas acusações do milionário Trump, Romney não condenou a posição do seu apoiante, apesar de ter dito que não concorda com tudo o que as pessoas que o apoiam dizem. Seja como for, a verdade é que uma nova polémica birther era a última coisa que o candidato republicano necessitaria, numa altura em que tenta atrair o eleitorado independente que poderá estar menos inclinado a votar em si, depois de umas primárias marcadas por um discurso encostado à Direita.
 Com os dois candidatos a viverem um momento menos positivo no trilho da campanha, cabe agora aos seus conselheiros a tarefa de redobrarem esforços no sentido de colocarem novamente os seus líderes no rumo certo, ou, como dizem os norte-americanos, back on message.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Latinos (ainda) com Obama

Sendo o grupo étnico (se é que se pode chamar assim) em maior crescimento nos Estados Unidos, os latinos - ou hispânicos - representam um eleitorado fundamental em eleições presidenciais. Aliás, muitos analistas consideram mesmo que os latinos são o fiel da balança na escolha do Presidente norte-americano, já que servem de desempate entre a minoria afro-americana (que prefere, por margem esmagadora, os democratas) e a maioria branca não-latina (com quem os republicanos levam curta vantagem).

Nas eleições de 2004, George W. Bush, que defendia políticas de imigração moderadas e até pró-integração, conseguiu bons resultados (terá obtido cerca de 45% do voto hispânico) junto dos latinos, o que lhe terá valido a reeleição. Contudo, em 2008, o candidato democrata, Barack Obama, arrasou completamente o republicano John McCain neste grupo eleitoral, obtendo perto de dois terços dos votos dos eleitores latinos, conseguindo, dessa forma, vencer em Estados como o Colorado, o Novo México, ou o Nevada. Dois anos depois, nas eleições intercalares de 2010, e num ciclo eleitoral em que o Partido Republicano foi absolutamente dominador, as poucas vitórias democratas surgiram, precisamente, em Estados com fortes comunidades latinas, destacando-se as vitórias em eleições para o Senado no Nevada e no Colorado.

Desta forma, é com grandes expectativas que se segue o movimento do eleitorado hispânico, com vista à decisão das eleições presidenciais deste ano. Durante as primárias republicanas, marcadas por um discurso marcadamente "encostado" à Direita, Mitt Romney proferiu algumas declarações, vistas como anti-imigração, que prejudicaram a sua imagem junto dos eleitores hispânicos. Não obstante, com o fim da época de primárias e com a consequente e natural inversão de marcha rumo ao centro do espectro político, esperava-se que o nomeado republicano conseguisse melhorar os seus números entre os latinos. 

Contudo, e segundo uma sondagem da NBC e do Wall Sreet Journal, os hispânicos continuam, de forma esmagadora, a preferir Barack Obama em detrimento de Mitt Romney para a presidência dos Estados Unidos. Com um score de 61-27% a seu favor, Obama mantém uma margem confortável e que lhe permite antever as eleições de Novembro com mais optimismo. Em sentido contrário, Mitt Romney, necessita urgentemente de inverter esta tendência, sob perigo de ver as suas hipóteses de chegar à Casa Branca francamente comprometidas.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O vocabulário desportivo das eleições americanas

O universo do desporto está intrinsecamente ligado à política, como defende o Prof. Dr. António da Silva Costa (professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Desporto da Universidade de Porto), que afirma que "comparando estes dois fenómenos, o desportivo e o político, não é difícil constatar que eles são profundamente semelhantes. O seu funcionamento é idêntico, a sua lógica é fundamentalmente a mesma e o seu discurso rege-se pela mesma gramática". 
Ora, no caso específico das eleições americanas, essa ligação é por demais evidente, como se pode comprovar por algumas das expressões mais frequentemente encontradas na gíria das campanhas políticas dos Estados Unidos.
Senão vejamos: a palavra mais utilizada para fazer referência a uma eleição é a palavra race (corrida). Ainda no campo das referências a corridas (como se estivéssemos a falar de um evento do atletismo e não da política), existem expressões muito conhecidas, como frontrunner, quando nos referimos ao candidato favorito à vitória, ou to have the inside track, quando queremos dizer que um candidato parece levar vantagem sobre outro.
Momentum, uma palavra várias vezes repetida para transmitir a dinâmica de vitória de um dos lados, e que foi "pescada" na gíria desportiva, é um dos maiores exemplos desta promiscuidade entre o vocabulário do desporto e da política. Mas existem outros. quando um político não é tão agressivo ou incisivo num debate como se esperava, diz-se que he did not pull his punches, numa clara alusão ao box; numa ocasião em que um candidato aposta todas as suas hipóteses  num determinado Estado, local ou grupo do eleitorado, diz-se que ele está all in, como no poker. As expressões home-run, do basebol, slam dunk, do basquetebol, ou kick-off, do futebol, são também presença assídua no vocabulário da política norte-americana.
Estes são alguns exemplos, mas muitos outros poderiam ser utilizados para demonstrar a grande afinidade a nível de vocabulário entre a política e o desporto. No fundo, esta semelhança ao nível do discurso reflecte, pelo menos em parte, a necessidade sentida pela comunicação social e pelos próprios políticos de tornarem a política um fenómeno mais atraente e familiar para as grandes massas. Afinal, a política também pode ser divertida.

domingo, 20 de maio de 2012

Final da Champions interrompe G8

É bem conhecido o gosto e entusiasmo de Barack Obama pelo desporto, em particular pelo basquetebol, modalidade que continua a praticar, tendo mesmo instalado um campo para o efeito em plena Casa Branca. Contudo, como sabemos, o futebol (ou o soccer, como é conhecido nos Estados Unidos) não tem do outro lado do Atlântico o destaque que merece no resto do mundo. Ainda assim, a final da Champions League de ontem não passou despercebida para Obama, que, em Camp David, onde estão reunidos os Estados-membros do G8, fez questão de seguir a decisão por penaltis, acompanhado dos líderes dos países (Alemanha e Inglaterra) que estavam representados na final da maior competição de clubes do planeta. Para a história fica mais esta excelente fotografia de Pete Souza, que retrata o momento da vitória dos britânicos do Chelsea e as reacções dos líderes mundiais, apanhados num momento de descontracção.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bush apoia Romney

Depois do patriarca, George H. W. Bush, e do seu filho  Jeb Bush, terem anteriormente declarado o seu apoio a Mitt Romney na corrida pela Presidência dos Estados Unidos, esta semana foi a vez de George W. Bush, o 43º Presidente norte-americano, anunciar publicamente, ainda que de forma algo tímida, o candidato republicano que desafia Barack Obama. 
Apanhado pela ABC News a entrar num elevador depois de um discurso em Washington, Bush declarou com uma simples frase: "I'm for Romney". Este anúncio, apesar de ter sido feito de forma informal e "fora do guião", não é nenhuma surpresa, já que os antigos Presidentes apoiam sempre os nomeados do seu partido. Contudo, dada a ainda impopularidade do antecessor de Obama junto dos eleitores, este endorsement terá sempre algum impacto na campanha. Como seria de esperar, os democratas já estão a utilizar o apoio de Bush como arma de arremesso contra Romney, tentando colar o nomeado republicano ao antigo Presidente. Por sua vez, a campanha de Mitt Romney já emitiu uma sóbria e curta mensagem a agradecer o apoio de Bush, que daqui para a frente,deverá manter uma presença discreta na campanha, de forma a não prejudicar as hipóteses de Romney.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O rescaldo do anúncio de Obama

Assentado o pó que se levantou depois de, na passada Quarta-feira, Barack Obama ter anunciado o seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, importa agora analisar possíveis consequências desse seu acto.
Do lado democrata, o anúncio do Presidente animou, como seria de esperar, a base do partido.  Normalmente, os homossexuais (particulares, lobbies ou grupos) são já um grupo eleitoral afecto aos democratas, mas é de esperar que a posição de Obama - o primeiro sitting Presidente a defender publicamente o casamento gay - estimule, e de que maneira, o apoio e as contribuições financeiras deste sector do eleitorado. Além disso, a nova posição de Obama em relação a este assunto serve também para refutar algumas críticas que vinham surgindo da ala mais liberal do Partido Democrata, e que acusavam o Presidente de não ser demasiado ambicioso e progressista. Do seu lado, Obama apenas poderá temer alguns problemas com os afro-americanos, já que esta comunidade, muito religiosa, é maioritariamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, dado os níveis de popularidade de que Obama goza junto dos afro-americanos, é muito duvidoso que este assunto lhe retire parte do voto negro, nas eleições do Outono.
Entre as fileiras republicanas, a reacção ao anúncio presidencial tem sido bem menos audível do que seria de esperar. Na verdade, os principais líderes republicanos têm preferido não comentar muito o assunto, cientes de que necessitam de voltar à mensagem em torno dos problemas da economia. E são sensatos ao fazê-lo, dado que - dizem as sondagens - o único tema em que Romney leva vantagem sobre Obama aos olhos dos eleitores é precisamente a economia. Por isso, sempre que os democratas forem capazes de desviar as atenções do público da situação económica do país os republicanos sairão a perder. E, como nos últimos dias os destaques noticiosos têm ido para o apoio do Presidente ao casamento gay, temos de considerar que isso favorece mais os democratas do que o GOP.
No que diz respeito às consequências eleitorais, é possível que Obama perca uns quantos votos junto dos eleitores independentes e em Estados importantes, mas essa perdas poderão ser anuladas por um aumento do número de eleitores jovens, que se sentirão mais propensos a votar num candidato que partilha das suas convicções sociais e pelas grandes contribuições financeiras que deverão chegar por parte de associações ou lobbies de defesa dos homossexuais. No fim de contas, duvido que o anúncio presidencial da última Quarta-feira tenha um grande impacto na eleição que se aproxima a passos largos. Afinal de contas, it's still about the economy, stupid!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Obama apoia casamento homossexual

Barack Obama, numa entrevista à ABC News, acaba de se declarar apoiante do casamento homossexual. Depois de vários anos em que nunca marcou uma posição clara e decisiva em relação a este assunto (chegou mesmo, durante a sua campanha de reeleição para o Sendo do Illinois, em 1998, a confessar-se "indeciso"), Obama considera agora que a sua opinião "evoluiu" e que o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo deve ser legal, tornando-se, assim, o primeiro Presidente dos Estados Unidos a anunciar publicamente tal posição. Em ano de eleições eleitorais, teremos de esperar para ver que consequências políticas terá este anúncio de Obama, sendo certo que Obama terá garantido o apoio, mais entusiasta do que nunca, dos homossexuais norte-americanos.

3 destaques da noite de ontem

Ontem à noite, nos Estados Unidos, realizaram-se eleições das mais variadas formas e feitios. Desde primárias para a Presidência, para o Senado ou para cargos de nível estadual, até referendos sobre o casamento pessoas do mesmo sexo, houve votações para todos os gostos. Entre elas, porém, importa realçar os três maiores pontos de interesse:

1) Nas primárias para a eleição presidencial, não houve surpresas do lado republicano. Mitt Romney, que corre agora sem oposição (com excepção do caso especial que é Ron Paul), venceu com cerca de dois terços dos votos no Indiana, na Carolina do Norte e na West Virginia. Contudo, neste último Estado, registou-se uma meia surpresa na primária democrata, com Barack Obama a vencer, mas cedendo 41% dos votos para concorrente que se encontra actualmente a servir pena de prisão (!) no Novo México por ameaças feitas à universidade desse Estado.
Este incrível resultado demonstra uma vez mais que a West Virginia é terreno agreste para Obama, onde foi copiosamente derrotado em 2008, tanto nas primárias contra Hillary Clinton, como na eleição geral frente a John McCain. As características demográficas deste Estado, com uma grande percentagem de eleitores rurais, pouco instruidos e blue collar workers, não favorecem Obama, cuja administração também tão tem sido muito amigável para com a indústria do carvão, uma das principais actividades da West Virginia. Assim, em 2012, o ticket Obama não escapará a uma pesada derrota no Mountain State.

2) No Indiana, houve também lugar a eleições primárias para o Senado. E, aqui, registou-se um resultado importante, com a derrota do histórico senador republicano, Richard Lugar, frente ao challenger Richard Mourdock, Secretário do Tesouro do Indiana, e que contou com o apoio dos líderes partidários locais e também dos movimentos Tea Party (incluindo Sarah Palin). Dick Lugar, que conta já com 80 anos de idade, estava no Senado desde 1977, e é um dos mais respeitados senadores do GOP. Apesar de não ser propriamente um dos membros mais moderados da câmara alta do Congresso, Lugar mostrou várias vezes ser capaz de se entender com os democratas e de chegar a acordos bipartidários. Contudo, foi incapaz de responder a uma tenaz e bem montada campanha do seu opositor e tornou-se, ontem, no primeiro senador em exercício a perder a nomeação pelo seu partido.

3) Nos boletins de voto da Carolina do Norte constava uma proposta de emenda à Constituição do estado, em jeito de referendo, que pretendia definir o casamento como uma união entre um homem e uma mulher, ou, por outras palavras, banir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como se esperava, num Estado ainda tendencialmente conservador, a emenda foi aprovada e a Carolina do Norte tornou-se no 29º Estado norte-americano a conter na sua Constituição uma provisão que proíbe o casamento homossexual.
Ora, o tema tem dado que falar nos Estados Unidos, em especial a posição algo dúbia de Barack Obama em relação a este assunto. Apesar de nos Estados Unidos o número de apoiantes do casamento entre pessoas do mesmo sexo estar em clara ascensão, existe ainda uma grande oposição a esse conceito em vários dos Estados decisivos nas eleições presidenciais (como, por exemplo, a própria Carolina do Norte). Por isso, Barack Obama move-se em terreno movediço em relação a este tema: por um lado, não pode alienar a sua base (a comunidade gay é uma grande apoiante dos democratas), mas por outro, tem de evitar desagradar aos eleitores dos swing states e aos independentes.

Edit: Obama, numa entrevista à ABC News, acabou de se declarar a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Cartoon: The President's new best friend

Em 2008, durante a histórica campanha pela nomeação democrata, entre Barack Obama e Hillary Clinton, a relação entre o actual Presidente e Bill Clinton foi bastante tensa, com o 42º ocupante da Casa Branca a referir-se, algumas vezes, em tons pouco abonatórios para o candidato que acabaria por ser o nomeado do Partido Democrata. Contudo, quatro anos depois, tudo mudou e Bill Clinton é um dos principais apoiantes de Obama, marcando presença em vários eventos de apoio e de angariação de fundos da campanha. Por isso, este cartoon não podia ser mais certeiro e divertido.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Six months to go; too close to call

Quando faltam exactamente seis meses para a tão esperada noite eleitoral que decidirá quem ocupará a Casa Branca entre Janeiro de 2013 e 2017, a corrida entre Barack Obama e Mitt Romney dá sinais de estar a aquecer. Hoje mesmo, David Axelrod, um dos principais conselheiros do Presidente anunciou que a campanha democrata irá investir 25 milhões de dólares em anúncios nos swing-states. Para já, a publicidade utilizada será positiva, realçando os feitos da administração  Obama ao nível da economia, ao mesmo tempo que se lembra aos americanos a pesada herança recebida de George W. Bush.

Com esta imponente investida, a campanha de Obama pretende garantir desde já uma vantagem importante nos mais decisivos Estados em eleições presidenciais. Curiosamente, saíram hoje duas sondagens realizadas nos swing-states que demonstram que a corrida pela Casa Branca está renhida. Uma, do Politico, coloca Romney com uma pequena vantagem (48%-47%) sobre Obama, enquanto outra, da autoria da NBC, dá vantagem ao democrata (47%-45%).  Em ambas, a diferença entre os dois candidatos está perfeitamente dentro da margem de erro. Assim, os números demonstram que, a meio ano das eleições, é ainda cedo demais para antecipar um vencedor.

domingo, 6 de maio de 2012

Forward

Apesar de já estar em modo de campanha há algum tempo, Barack Obama deu ontem o pontapé de saída oficial na sua campanha de reeleição, com discursos na Virginia e no Ohio, dois Estados decisivos para o desfecho da eleição de 6 de Novembro. 
Contando com milhares de entusiastas de apoiantes a proporcionarem um ambiente apaixonado, Obama voltou a surgir com um slogan que parece estar para ficar na campanha presidencial: FOWARD, palavra que pretende transmitir a aposta nas políticas de Obama, em contraste com o regresso ao passado (leia-se, aos anos de Bush) que representaria uma vitória de Romney nas eleições do Outono. E Romney não esteve ausente dos comentários do Presidente, que fez uma clara alusão a uma famosa frase do candidato republicano, dizendo que corporations aren't people, people are people
Com base no que se viu ontem, a campanha democrata terá semelhanças e diferenças em relação a 2008. A mensagem transmitida será semelhante e Obama voltará a apostar nos temas da esperança e da mudança que tanto sucesso tiveram há quatro anos; o apelo às emoções dos eleitores, através de eventos grandiosos, multidões e com a capacidade oratória de Obama (e também de Michelle Obama, cada vez mais um sucesso de popularidade) voltará a fazer parte das vantagens da campanha democrata. 
Contudo, desta vez, o antigo Senador do Illinois terá quatro anos de decisões enquanto Presidente para defender, o que o torna mais vulnerável aos olhos do grande público. Não admira, por isso, que Obama tenha feito várias referências a Mitt Romney, com a intenção de garantir que a próxima eleição seja uma escolha entre si e um candidato cinzento, tecnocrata e que não entende as preocupações do cidadão comum (é desta forma que os democratas estão a tentar caracterizar Romney), em vez de um referendo sobre a sua Presidência.
Por outro lado, a campanha democrata de 2008 não terá as características da de 2008. Há quatro anos atrás, a candidatura de Barack Obama foi um movimento nacional, como ficou demonstrado com o anúncio da candidatura, em Springfield, no Illinois, quando Obama se propôs mudar a América e o mundo, um pouco à imagem do que fez Abraham Lincoln. Desta vez, será mais uma campanha de precisão, com Obama e os democratas a concentrarem-se nos Estados decisivos (como a Virginia e o Ohio) e em grupos específicos do eleitorado - mulheres, jovens e minorias.
Veremos, nos próximos tempos, se as decisões da campanha de Obama são as mais acertadas. Mas, pelo que se viu ontem, os democratas parecem partir com vantagens organizativas e emocionais sobre os republicanos, que não têm ainda com Romney a ligação que os democratas têm com o(s) Obama. À medida que a estrutura republicana se for colocando por detrás do seu candidato, é natural que esse handicap se desvaneça. Se isso será suficiente para evitar que Obama vá em frente (foward) para um segundo mandato, só saberemos daqui a meio ano.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Battleground Virginia

Durante anos, o Estado da Virginia foi um bastião republicano em eleições presidenciais, já que, entre 1968 e 2004, foi sempre o candidato do GOP a sair vencedor na Virginia. Em 2008, porém, Barack Obama não se coibiu de apostar desde cedo neste Estado do Sul, baseando-se na forte estrutura que montou para disputar a primária local contra Hillary Clinton. Na altura, este investimento democrata na Virginia parecia mais um tiro no escuro do que uma aposta com reais possibilidades de êxito. Todavia, a estratégia da campanha de Obama revelou-se certeira, já que o actual Presidente conquistou mesmo o Estado, batendo John McCain por sete pontos percentuais de diferença.
A forte aposta de Obama na Virginia é apenas uma das razões da vitória democrata em 2008. A parte Nordeste do Estado tem-se tornado, ao longo dos anos, progressivamente mais democrata, em consequência da expansão dos subúrbios de Washngton D.C., repletos de funcionários públicos (um grupo eleitoral tendencialmente mais próximo do Partido Democrata). Além disso, o Estado tem uma importante comunidade afro-americana (que vota, de forma esmagadora, nos democratas), ao mesmo tempo que as comunidades latinas e asiáticas (que tendem a favorecer os candidatos democratas) vão aumentando de dimensão.
Ainda assim, houve quem achasse que a vitória de Obama na Virginia fosse fruto das circunstâncias excepcionais da eleição de 2008, em que a pesada herança de George Bush levou a que Barack Obama tivesse o melhor resultado de sempre de um democrata (em percentagem do voto popular) desde 1968. Contudo, todas as sondagens mais recentes indicam que a Virginia tornou-se, de facto, num battleground state e que será, muito provavelmente, um dos mais disputados "prémios" na campanha presidencial que se aproxima. A sondagem mais recente, da autoria do Washington Post, atribui a liderança a Obama, que consegue 51% das intenções de voto, ficando Mitt Romney com 44%. Assim, tudo indica que a Virginia será um dos mais disputados "prémios" da campanha presidencial que se aproxima, com ambos os candidatos a concentrarem os seus esforços e recursos neste Estado. Nesse ponto, Obama tem a vantagem da proximidade da Virginia em relação à Casa Branca: não é todos os dias que um Presidente tem apenas de atravessar o Rio Potomac para chegar a um swing state.

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º aniversário de morte de Bin Laden

Há exactamente um ano atrás, o mundo foi surpreendido com a notícia que Obama Bin Laden, o mentor dos atentados terroristas do 11 de Setembro, tinha sido morto por um ataque perpetrado por uma força de Navy Seals norte-americana, a mando do Commander-in-Chief Barack Obama. 
De facto, a eliminação do inimigo número um dos Estados Unidos da América foi um dos grandes marcos do mandato presidencial de Obama, porventura mais ainda do que a aprovação da reforma do sistema de saúde americano. Por isso, não é surpresa nenhuma que o actual Presidente recorde repetidamente esse feito, já que uma trunfo deste tipo em questões de defesa e segurança nacional, um tema em que, normalmente, os republicanos levam vantagem sobre os democratas, não é nunca de menosprezar em vésperas de eleições presidenciais.
Por seu lado, Mitt Romney, que espera derrotar Obama fazendo uma campanha baseada em questões económicos, já divulgou hoje um comunicado a assinalar a efeméride e a congratular o seu adversário pela decisão tomada em avançar com a missão que eliminaria Bin Laden. Contudo, esta posição representa um volte-face no que Romney havia dito ontem, quando afirmou que até Jimmy Carter teria tomado essa decisão.
É provável que, durante a campanha, este tema volte à baila, especialmente quando Obama quiser sublinhar a sua experiência presidencial, em contraste com a falta de "bagagem" de Romney, que foi "apenas" Governador estadual, relativamente a questões de defesa e de relações internacionais. Porém, como o grande tema das próximas eleições será sempre a economia, é de esperar que este assunto não se revele um handicap inultrapassável para Romney.