domingo, 3 de março de 2013

O sequestro fiscal

Infelizmente, por razões profissionais mas também de saúde, o Máquina Política não tem sido actualizado com a periodicidade do costume. Ainda assim, também é verdade que as últimas semanas não têm sido muito "agitadas", no que à actualidade política dos Estados Unidos da América diz respeito. Entre algumas outras questões, como a confirmação de Chuck Hagel como Secretário da Defesa ou a polémica em torno de alegadas ameaças da Casa Branca ao famoso jornalista Bob Woodward, o principal destaque noticioso tem recaído sobre o polémico "sequestro fiscal".
Importa recordar que, no final do ano passado, foi evitado o tão falado "precipício fiscal", que previa um grande aumento de impostos e brutais cortes na despesa federal de forma a reduzir o défice dos Estados Unidos. Contudo, esse precipício foi mais adiado do que evitado, já que a maioria dos cortes na despesa foram apenas adiados no tempo na esperança que democratas e republicanos chegassem a um entendimento antes que esses cortes entrassem definitivamente em vigor. Acontece que o prazo para um acordo entre os dois lados foi já ultrapassado e, no passado dia 1 de Março, entrou em vigor o tal "sequestro", que implementou uma série de cortes na despesa do Estado federal norte-americano, com especial ênfase em despesas militares.
Agora, com a redução na despesa federal efectivamente em vigor e sem que os dois partidos tenham chegado a um acordo, a principal batalha a decorrer é a da opinião pública. Barack Obama foi lesto a responsabilizar o GOP pelo falhanço negocial. Alertando para as consequências do "sequestro" para a economia americana, prevendo uma quebra do crescimento e um pequeno aumento do desemprego, Obama espera capitalizar com a actual grande impopularidade do Partido Republicano junto do eleitorado. Por seu lado, os republicanos culpam o Presidente pelo azedar das relações bipartidárias e vão dizendo que sempre foram defensores da redução da despesa como melhor forma de combater o défice.
Ainda que subsistam algumas esperanças num acordo tardio entre Barack Obama e John Boehner, o Speaker da Câmara dos Representantes controlado pelos republicanos, o mais provável que o "sequestro fiscal" continue em vigor, pelo menos durante as próximas semanas. Neste momento, a posição de Obama, com boas taxas de popularidade, parece melhor do que a dos republicanos, em baixa nas sondagens. Todavia, este cenário pode mudar rapidamente, especialmente se as consequências negativas do sequestro não forem muito sentidas pela maioria dos norte-americanos. Nesse caso, os republicanos veriam fortalecido o seu argumento da necessidade de reduzir a despesa federal para fazer face ao défice. Assim, o melhor é mesmo esperar para ver quem acabará por ficar refém deste sequestro.

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