sexta-feira, 24 de maio de 2013

A maldição do segundo mandato

É já praticamente uma tradição nos Estados Unidos que os Presidentes sejam assolados, durante o seu segundo mandato, por uma série de escândalos ou problemas que prejudicam a sua imagem e a sua capacidade de governar. Por isso, há quem diga que existe uma maldição que assombra todos os Chefes de Estado norte-americanos que são eleitos para novos quatro anos à frente dos destinos da nação.
E, de facto, os segundos mandatos estão repletos de escândalos presidenciais. Nas últimas décadas assistimos ao Watergate de Nixon, ao Irão-Contra de Reagan, o Monicagate de Clinton ou o Katrina de Bush. Agora, parece que também Barack Obama não escapará a esta maldição e uma série de escândalos para a sua presidência vão surgindo quase que simultaneamente.
Neste momento, o principal problema para Obama prende-se com a revelação que o IRS (Internal Revenue Service), o serviço que gere o pagamento de impostos nos Estados Unidos, atrasou a atribuição de isenção de impostos a grupos conservadores (na sua maioria ligados ao Tea Party). Ora, este comportamento por parte de uma entidade que deve ser neutra e imparcial gerou, justificadamente, muitos protestos por parte da Direita norte-americana. Em resposta ao escândalo, Obama demitiu o responsável do IRS, tentando, dessa forma, acalmar as criticas que eram dirigidas à sua administração.
Contudo, os problemas para a Casa Branca não ficam por aqui. Além do escândalo IRS ainda não estar totalmente sanado e continuar a dominar as atenções mediáticas, outros assuntos vieram prejudicar a imagem do Presidente. Nomeadamente, a descoberta de uma lista de jornalistas da Associated Press cujos telefones terão estado sob escuta do Departamento de Justiça de forma a impedir alegadas fugas de informação sobre temas de segurança nacional levantou, também, críticas à Administração Obama, acusada de contornar a liberdade de impresa. Além disso, a forma como a Casa Branca e o Departamento de Estado lidaram com o ataque à embaixada norte-americana em Benghazi continua a ser alvo de polémica, com os republicanos a insistirem neste tema de forma a tentarem prejudicar politicamente Hillary Clinton, Secretária de Estado aquando do atentado e grande candidata a conquistar a presidência em 2016.
Com todos estes problemas, fica muito complicada a vida de Barack Obama, que tencionava fazer avançar no início deste seu segundo mandato uma imponente agenda legislativa, com destaque para a reforma da imigração. Ciente de que está limitado no tempo e na influência (a parte final de uma presidência é apelidada de lame duck presidency), Obama tem agora de fazer um pressing final para ultrapassar esta fase menos positiva e ser capaz de alcançar metas importantes até 2017. Para isso, também precisa que a maldição do segundo mandato não o volte a assombrar.

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