sábado, 19 de outubro de 2013

Que futuro para o GOP depois do shutdown?

Na passada Quarta-feira, democratas e republicanos chegaram finalmente a um entendimento que levou ao fim do shutdown e trouxe a normalidade de volta a Washington e aos Estados Unidos. O acordo foi originalmente anunciado pelos líderes do Senado, o democrata Harry Reid e o republicano Mitch McConnell e, mais tarde, o Senado votava esmagadoramente a favor do acordo para retomar o financiamento do governo federal, com apenas 18 senadores (todos republicanos) a votarem contra o fim do shutdown. De seguida, também a Câmara dos Representantes aprovou o acordo, com os votos favoráveis de todos os democratas e 87 republicanos (144 congressistas do GOP votaram contra).
16 dias depois, chegou ao fim, pelo menos por agora, um longo e desgastante impasse que provocou grandes tumultos políticos e económicos na nação norte-americana. Contudo, o acordo agora alcançado não resolve o problema do orçamento federal, limitando-se a adiar o debate para daqui a cerca de três meses. Nessa altura, democratas e republicanos terão de chegar a um novo entendimento para que o o governo continue a funcionar.
Ainda assim, um novo shutdown deverá estar fora da mesa, já que os republicanos não quererão repetir a receita que, desta vez, lhes trouxe tantos dissabores. De facto, este frente-a-frente foi altamente prejudicial para o Partido Republicano, que saiu da crise como o grande derrotado. Considerados pela opinião pública como os principais responsáveis pelo shutdown e sem terem conseguido ganhar nada com a sua tomada de posição, os republicanos estão agora numa posição muito fragilizada e terão de correr atrás do prejuízo causado pela sua actuação ao longo da crise que agora termina.
Em sentido inverso, os democratas e Barack Obama em particular estão a ser caracterizados como os vencedores do despique. É um facto que conseguiram obrigar os republicanos a ceder sem "entregar" nada ao outro lado. Todavia, não é totalmente claro que o Presidente dos Estados Unidos tenha ganho alguma coisa com esta sua vitória. Isto porque é bem possível que, após esta derrota, os republicanos se tornem ainda mais intransigentes e ainda menos dispostos a negociar com Obama e com os democratas. E isso pode inviabilizar quaisquer novas conquistas legislativas da Casa Branca durante este segundo e último mandato de Barack Obama. A reforma da imigração, cuja aprovação no Congresso parecia, há uns meses atrás, parecia praticamente inevitável, pode ser a grande prejudicada e arrisca-se a ficar na "gaveta".
Contudo, a estratégia a seguir pelos republicanos é ainda um pouco dúbia e deverá depender do resultado da batalha interna pelo controlo do partido que se trava actualmente no seio do GOP. De um lado, os republicanos mais radicais, liderados pelos políticos mais próximos do Tea Party e, do outro, os membros do GOP mais moderados. No Congresso, essa disputa tem sido vencida pelos mais radicais e a liderança republicana, constituída principalmente por políticos mais próximos do centro, tem tido enorme dificuldade em controlar as suas bancadas, hoje em dia sob grande influência dos Tea Party. 
Ora, a posição demasiado intransigente dos republicanos do Congresso tem levado à contínua degradação da imagem do partido a nível nacional. As últimas sondagens colocam os a aprovação do trabalho dos congressistas republicanos por parte dos eleitores nos níveis mais baixo de sempre e mostram os democratas a fugir nas intenções de voto para as eleições intercalares de 2014. Assim sendo, e apesar de faltar ainda mais de um ano para este momento eleitoral, tudo aponta para que os republicanos não tenham um 2014 tão positivo como esperariam.
Em suma, o GOP atravessa, hoje, um mau momento, com o extremismo da ala mais conservadora e a impopularidade dos seus membros do Congresso a arrastarem o partido para o fundo. Assim, e com as presidenciais de 2016 cada vez mais perto, aquilo que os republicanos precisam desesperadamente a precisar é de encontrar um líder moderado, que não tenha sido "tocado" pelos vícios de Washington e que tenha experiência de governação. Neste momento, quem encaixa que nem uma luva nesta descrição é, claro está, Chris Christie.

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