quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O ano horribilis de Obama

Há pouco mais de um ano, quando Barack Obama foi reeleito para a Casa Branca com um resultado relativamente folgado e de uma forma bem mais fácil do que se julgava antes da noite eleitoral, o Presidente dos Estados Unidos parecia estar em velocidade de cruzeiro rumo a um mandato tranquilo e rico em vitórias legislativas.
Contudo, hoje, tudo é diferente e Obama vive um dos seus piores momentos desde que, em 20 de Janeiro de 2009, chegou à Sala Oval. Curiosamente, esse mau momento tem origem naquela que foi, até à data, a sua maior conquista enquanto Presidente. A polémica reforma da saúde norte-americana, que marcou o primeiro mandato de Obama, começa agora a ser implementada, mas com notórios e importantes sobressaltos que minam a imagem do Presidente e da Administração que fizeram da reforma mais conhecida como Obamacare a sua grande bandeira política.
Em primeiro lugar, foram os problemas com o site onde os cidadãos se deveriam inscrever para conseguir os novos seguros de saúde ao abrigo do Obamacare. Informação errónea e contraditória, incapacidade para responder à elevada procura e candidaturas realizadas de forma indevida foram algumas das acusações que foram feitas ao healthcare.gov. A onda de protestos foi de tal ordem que chegou a estar em causa o cargo de Katheleen Sebelius, a Secretária da Saúde e dos Serviços Humanos da Administração Obama. 
Depois, as críticas subiram de tom com a revelação de que alguns norte-americanos não estavam a conseguir manter o seu seguro de saúde, ao contrário da anterior promessa de Obama que havia garantido que qualquer cidadão que gostasse do seu seguro o poderia manter quando aderisse ao Obamacare. Com o momentum negativo a avolumar-se, o Presidente foi obrigado a vir a público para pedir desculpa aos norte-americanos pela verdadeira trapalhada que representou o início da implementação da reforma e prometeu empenhar-se ao máximo para resolver os problemas detectados.
Todavia, o mal estava feito e a reforma da saúde, já polémica e polarizadora, viu a sua imagem ficar ainda mais denegrida aos olhos da opinião pública. Consequentemente, também Obama sentiu na pele os efeitos desta crise e os seus números desceram a pique nas sondagens. Segundo a Gallup, 53% dos norte-americanos desaprovam o trabalho do Presidente, contra os apenas 41% que têm uma opinião favorável. Ora, estes números são, imagine-se, semlhantes aos de George W. Bush na mesma altura do seu mandato.
Obama está, portanto, em muitos maus lençóis e esta crise ameaça paralizar seriamente a Casa Branca e compromete a capacidade política do Presidente. Obviamente, é ainda muito cedo para afirmarmos que o segundo mandato de Barack Obama está comprometido e é ainda mais prematuro caracterizarmos a sua presidência como falhada. Contudo, o 44º Presidente norte-americano precisa urgentemente de reagir e inverter a situação, porque, com os ciclos políticos e eleitorais a serem cada vez mais curtos, o rótulo de lame duck ameaça colar-se a Obama de forma irreversível.

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