domingo, 15 de dezembro de 2013

A economia recupera, mas os americanos andam zangados

A popularidade do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anda pelas ruas da amargura. Segundo a última sondagem da Gallup, 49% dos norte-americanos não estão contentes com o trabalho do seu Chefe de Estado, ao invés dos apenas 42% que aprovam a prestação de Obama na Casa Branca. 
A insatisfação com o trabalho do Presidente é ainda acompanhada de uma percepção generalizada por parte do público de que a situação do país está a piorar e não a melhorar. De facto, de acordo com os dados fornecidos pela Rasmussen, 65% dos norte-americanos considera que a direcção seguida pelos Estados Unidos é errada, com apenas 28% a achar o contrário.
Curiosamente, o agravamento da percepção negativa por parte do público norte-americano em relação ao trabalho de Obama e ao rumo do seu país, surge numa altura em que a economia dos Estados Unidos dá sinais de uma franca recuperação, em claro contra-ciclo com outras regiões do mundo, sendo a Europa o exemplo mais flagrante. Em Novembro, o desemprego atingiu o valor mais baixo dos últimos cinco anos, estando agora nos 7% e os níveis de emprego nos EUA aproximam-se dos valores "normais" do período anterior à grande crise de 2008.
A confirmar-se esta tendência até ao final de 2016, então Barack Obama poderá até ter um grande argumento para utilizar como ponto-chave do seu mandato: a recuperação económica. Na verdade, o 44º Presidente dos Estados Unidos chegou à Casa Branca no olho do furacão que representou a crise económica e financeira de 2008. Contudo, e apesar do aumento do desemprego na primeira metade do seu primeiro mandato, a Administração Obama foi capaz de evitar uma recessão como a que se verificou na Europa, salvou a indústria automóvel (um dos pilares da economia norte-americana), reformou (ainda que timidamente) a regulação financeira de Wall Street e lançou um programa de estímulos federais que, além de impedir níveis de desemprego ainda mais elevados, serviu de âncora para uma lenta mas notória recuperação económica. 
Contudo, e apesar de ter realizado todos estes feitos, Barack Obama não recebeu por eles todo o mérito que lhe era devido e, pior ainda, merece, actualmente, índices de popularidade francamente negativos. É difícil explicar as razões que levam os norte-americanos a entender que a situação do país está a piorar, quando todos os indicadores apontam o contrário. Talvez a polémica em torno da implementação da impopular reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos explique parte da insatisfação do público, mas certamente não o explica na sua totalidade. Assim, estou mais inclinado a considerar que é o actual clima de polarização política em Washington a estar na base do negativismo do público. 
Actualmente, democratas e republicanos mostram-se incapazes de se entenderem no que quer que seja e o país parece ingovernável. Como se vê pelos números das sondagens (Obama tem valores negativos e o índice de aprovação do Congresso ronda os 12%!), os norte-americanos não estão contentes com os políticos e não vêem uma luz ao fundo do túnel para a resolução do impasse na capital federal. Por isso, aos olhos do público, a recuperação económica acontece apesar dos políticos e não por causa dos políticos. E, assim sendo, Obama (que também tem a sua quota-parte de responsabilidades na polarização política actual) "leva por tabela" e vê a sua popularidade prejudicada.

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