sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Agenda em dia

Depois de umas merecidas férias, o Máquina Política está de regresso. Durante o período de descanso, muito se passou do lado de lá do Atlântico. Mas vamos por partes:

EUA atacam o ISIS - Depois de dois jornalistas norte-americanos terem sido decapitados pelo Islamic State in Iraq and Syria (ISIS), Barack Obama decidiu agir e, num discurso transmitido em directo pelas principais cadeias dos Estados Unidos, anunciou o seu plano para combater o ISIS, grupo radical que controla já grande parte do Iraque e da Síria. O Presidente informou os cidadãos norte-americanos que os ataques aéreos da Força Aérea dos Estados Unidos já em vigor no território iraquiano serão alargados a regiões da Síria ocupadas pelo ISIS. Além disso, Obama anunciou ainda que colocará mais conselheiros militares norte-americanos no terreno e que aumentará o apoio financeiro e militar às autoridades iraquianas e curdas que combatem o Estado Islâmico. Contudo, Barack Obama frisou que o conjunto de acções agora implementado não contempla o envio de tropas combatentes norte-americanas.
Estas novas medidas são a resposta de Obama ao choque sentido pela opinião pública dos Estados Unidos após a divulgação dos vídeos das decapitações dois dois jornalistas. Contudo, o 44º Presidente norte-americano está numa situação muito delicada, pois sempre defendeu a retirada do Iraque e, agora, está, de facto, a regressar àquele território para uma nova guerra de desgaste sem um fim à vista. Na verdade, este pode ter sido um momento decisivo para o legado de Obama que chegou ao poder como aquele que acabaria com o fim da presença norte-americana no Médio Oriente, mas que pode, como o seu antecessor, deixar a Casa Branca com um conflito em aberto e que terá de ser resolvido pelo seu sucessor.

Eleições intercalares - A menos de dois meses das eleições intercalares, as notícias não podiam ser piores para os democratas. Com uma maioria na Câmara dos Representantes a ser uma mera possibilidade matemática, está também cada vez mais complicada a tarefa do partido de Obama para manter a maioria no Senado. Se as eleições fossem hoje,  segundo tanto Nate Silver como Larry Sabato, o mais provável é que o GOP alcançasse o controlo da câmara alta do Congresso, relegando os democratas para a oposição. 
Nesse caso, o mais provável é que os dois últimos anos do mandato presidencial de Obama fossem praticamente irrelevantes no sector legislativo, dado que sem apoio do Congresso, será praticamente impossível para um presidente relativamente impopular conseguir amealhar apoios para qualquer peça legislativa de relevo (como, por exemplo, a reforma da imigração).

Corrida presidencial - Do lado democrata, não há novidades. Hillary Clinton continua a ser a presumível nomeada democrata e a antiga Primeira-Dama regressará, este Domingo, ao Iowa, o primeiro Estado a ir a votos nas primárias presidenciais. Esta será a primeira vez que Hillary se desloca ao Hawkeye State desde que, em Janeiro de 2008, foi surpreendentemente derrotada por Barack Obama (e também por John Edwards). Tudo indica que a ex-Secretária de Estado entrará mesmo na corrida, isto apesar de ter anunciado esta semana que apenas tomará uma decisão no início do próximo ano. Com todos os outros democratas de peso (que não são assim tantos como isso) a colocarem-se de fora das contas presidenciais para 2016 devido à presença de Clinton, o Partido Democrata não receberia nada bem uma decisão negativa da sua grande estrela quanto à sua candidatura à Casa Branca.
Do lado republicano, o destaque vai para Ted Cruz e para Rand Paul. O primeiro continua a dar mais indicações quanto à sua candidatura presidencial, com o seu chefe de gabinete a deixar esse cargo para assumir maiores responsabilidades políticas (leia-se, eleitorais). Todavia, o Senador pelo Texas foi também notícia pela negativa: numa gala organizada por um grupo de cristãos do Médio Oriente, Cruz abandonou o palco onde discursava, após as suas declarações vincadamente pró-Israel terem sido recebidas pela audiência com fortes vaias. Já em relação ao segundo é praticamente certo que será um candidato presidencial e as suas constantes presenças no New Hampshire, o primeiro Estado a realizar primárias indiciam que o Granite State será o centro da sua estratégia. Ora, tal facto não é surpreendente ou não fosse o eleitorado republicano do New Hampshire um dos mais favoráveis a candidaturas de candidatos com raízes libertárias, como se comprova pelo excelente resultado obtido, em 2012, por Ron Paul (pai de Rand), com 23% dos votos, apenas atrás do vencedor, Mitt Romney.

1 comentário:

  1. O ISIS é um bom nome para substituir a (já desgastada) Al-Qaeda. ISIS é um nome refrescante (semelhante ao da deusa egípcia). O que não pode parar, de forma nenhuma, são as guerras. O privado complexo militar-industrial americano sofreria o risco de colapsar. Nem pensar nisso!

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